O Delegado Fábio Baja, da Central de Polícia de Joinville, esclareceu ao Jornal A Notícia na manhã desta segunda-feira (21) detalhes da apuração da morte de Murilo José Coelho, de 39 anos, ocorrida durante uma briga de trânsito no fim de semana. De acordo com o delegado, o inquérito criminal tramita na CP devido à prisão em flagrante do suspeito de cometer o crime, Jean Everson Raymundo, de 23 anos. O corpo de Murilo Coelho foi sepultado no cemitério Cristo Rei, no domingo, e, no mesmo dia, Jean teve prisão preventiva decretada pela Justiça.
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A morte foi registrada por volta das 17h45 de sábado (19) no bairro Vila Nova, depois de um acidente de trânsito que envolveu a motocicleta guiada por Jean e o carro conduzido por Murilo. O acidente ocorreu na Rua Leopoldo Beninca com a Rua Joaquim Girardi, e, a princípio parecia ter sido leve. No entanto, uma testemunha-chave que acompanhou toda a ação contou à polícia que o motociclista teria se exaltado e entrado em luta corporal com a vítima. A versão é descrita pelo delegado que investiga o caso, quando questionado se houve agressão física contra Murilo.
— Teve agressão violenta do motoqueiro contra a vítima. Segundo essa testemunha, que estava num carro atrás da moto antes de acontecer o acidente, o Jean estava com a namorada dele (de 17 anos), que estava na garupa e machucou o pé com a batida. Então o Jean ficou extremamente violento, arrancou o motorista do carro e bateu nele com socos e “capacetadas”. O Murilo bateu forte com a cabeça no chão e, mesmo no chão, o Jean ainda chutou a cabeça dele — conta Fábio.
— Ainda conforme apurado, antes da morte a vítima não esboçou qualquer reação e somente pedia para parar de apanhar— completa.
Indiciamento
Devido à confusão (dispersada pela PM) e morte de Murilo, o motociclista foi preso em flagrante por ‘lesão corporal com resultado morte’ – crime intermediário entre o homicídio doloso (quando há intenção de matar) e culposo (quando não há intenção de matar). A tipificação é essa, pois segundo a polícia, com as agressões o autor teve pelo menos a intenção de lesionar a vítima. Fato que pode mudar com o resultado da perícia relacionada ao óbito, ainda a ser emitida pelo Instituto Geral de Perícias (IGP). No entanto o delegado não acredita que a vítima tenha sofrido um possível mal súbito, e mantém a convicção de que houve homicídio.
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— Acompanhei de ponta a ponta a atuação do médico legista e ele informou que a causa da morte foi traumatismo crânio-encefálico. Ou seja, houve uma lesão grave na cabeça da vítima. O laudo ainda não está pronto por ser muito complexo, é um documento que não se faz em cinco minutos, leva dias para ser feito, mas ele (médico) deu o atestado de óbito com a causa da morte — explica Fábio Baja.
Ao todo, seis pessoas já foram ouvidas sobre a ocorrência, dentre elas a namorada e uma amiga do suspeito, que no entendimento da polícia em depoimento tiveram a “intenção de minimizar a gravidade da conduta do autor”. Para concluir o inquérito, falta ainda ouvir outra pessoa que estaria no banco do carona do carro de Murilo, se evadiu do local, e que ainda não foi localizada, além do próprio laudo pericial.
Por enquanto, Jean Everson segue indiciado por lesão corporal com resultado morte, cuja pena em caso de condenação pode variar de quatro a doze anos de prisão. Porém, nada impede que o Ministério Público o denuncie por homicídio, o que pode elevar a pena, caso ele seja condenado pela morte de Murilo Coelho. À polícia, Jean alega inocência.
— A posição dele é de que ele não agrediu e de que só houve empurra-empurra, afirma que não deu socos, nem as "capacetadas". Segundo ele, não fez nada — relata o delegado sobre o depoimento prestado pelo suspeito.
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Defesa contesta existência de crime
O advogado Osvaldo da Cunha Batista, que representa Jean Everson Raymundo, contesta que houve homicídio. Segundo ele, seu cliente trafegava de moto com a namorada pelo binário do Vila Nova, quando parou no semáforo, e ao arrancar a motocicleta foi surpreendido pelo veículo de Murilo, que teria avançado o sinal. Ainda conforme o advogado havia indícios de que o motorista do carro estava alcoolizado.
— Ao ver a namorada machucada e o motorista tentando fugir do local, Jean pulou no carro para pegar a chave e evitar que ele se saísse dali. Foi então que ele (Murilo) saiu do carro e começou um empurra-empurra. Foi uma fatalidade, na qual ele se desequilibrou, caiu e bateu a cabeça — defende o advogado.
Ainda conforme Osvaldo, ele deve entrar com habeas corpus em favor de Jean ainda nesta segunda-feira (21) e não defenderia o jovem se não tivesse certeza de sua inocência. “Ele é trabalhador, de boa índole, não tem nenhuma passagem policial, não pode ter a vida interrompida aos 23 anos de idade por uma fatalidade”, ressalta.