Responsável pela Operação Trojan, que prendeu 12 pessoas nesta segunda-feira em Florianópolis, o delegado da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) Walter Watanabe revela nesta entrevista ao DC as principais suspeitas em torno das fraudes no sistema tributário e no Pró-Cidadão da Prefeitura da Capital.

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Watanabe afirmou que a investigação ainda está em segredo de Justiça e por isso não citou nomes nem detalhou a participação de cada um dos suspeitos.

Em nota, prefeitura de Florianópolis afirma que também investiga esquema

Há servidores da Prefeitura e advogados entre os presos?

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Sim, existem servidores, mas não posso citar quais são (segredo de Justiça). Existem servidores e particulares também. Tem alguns com prerrogativa de advogados, que não necessariamente exercem a advocacia.

O que ficou demonstrado no inquérito até agora? Existia mesmo uma fraude?

Sim. Realmente ficou (comprovado). Lógico que existem ainda alguns detalhes para a gente poder finalizar esse inquérito. Essa operação serviu justamente para a gente finalizar a nossa investigação ou até identificar outros autores e outras provas. A gente vai fazer a análise dos objetos apreendidos para poder identificar se realmente se limitou a esse rol de investigados ou se ainda existem outros a serem apurados.

Em que consistia exatamente a fraude?

A fraude consistia na alteração e na inserção indevida de dados junto ao sistema para poder beneficiar terceiros, como baixa de débitos e alterações de cadastro imobiliário para auxiliar os estelionatários também fora da Prefeitura.

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Havia fraude no IPTU?

A fraude no IPTU é uma das coisas que a gente também está investigando.

A fraude é de R$ 12 milhões estimada?

Sim. É uma estimativa realizada com base na arrecadação em que se apurou um déficit de R$ 12 milhões aos cofres públicos de todos os anos, 2012, 2011…

Qual o período em que ocorreu a fraude?

A gente percebeu que vem desde 2010, 2011, 2012. Mas pode ser que as fraudes tenham iniciado antes mesmo dessa data.

A fraude parou?

A gente não tem como identificar se realmente as fraudes cessaram. Até porque o sistema ainda continua ativo. Mas a gente tem conhecimento de que vários sistemas de segurança da Prefeitura foram instalados para evitar que ligação de senhas de terceiros sejam utilizadas indevidamente.

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As pessoas interessadas em tirar dívidas pegavam os servidores que tinham as senhas e esses servidores o faziam levando benefícios?

Exatamente. A questão de receber essa propina a gente não tem comprovado, até porque é algo difícil de comprovar. Muitas vezes o dinheiro é sacado, ninguém faz transferência bancária para ninguém. Mas que realmente ficou constatado essa baixa de débito realmente ficou configurado.

A polícia já conseguiu mapear os beneficiados com essa fraude?

Nem todos. Porque na verdade R$ 12 milhões realmente é muita gente e isso só com uma auditoria do Tribunal de Contas para a gente realmente identificar quem são os beneficiados com essas fraudes.

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A polícia já conseguiu mapear os cabeças, os chefes desse esquema?

Na verdade são várias células e a gente conseguiu identificar alguns servidores, alguns particulares, que realmente tem bastante incidência. Então é em cima desses que a investigação se focou. Se tem outros o decorrer da investigação vai dizer.