A soltura dos sete presos na Operação Ouvidos Moucos, na noite de sexta-feira, é questionada pela chefe da Delegacia de Combate à Corrução e Crimes Financeiros da Polícia Federal, Erika Mialik Marena. O reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo e outros seis servidores da UFSC deixaram o complexo prisional da Agronômica por decisão da juíza Marjôrie Cristina Freiberger, que entendeu não haver motivo suficiente para manter as prisões.
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Cancelier e cinco servidores estão afastados das funções e proibidos de entrar na universidade. Eles são investigados por suposto desvio de dinheiro de bolsas do programa Universidade Aberta do Brasil. O reitor é suspeito de tentar obstruir as investigações da corregedoria da UFSC, que apura as mesmas irregularidades.
Na decisão pela soltura dos presos, a juíza argumentou que a delegada só insistiu na continuidade das prisões após o interrogatório, na quinta-feira. Em manifestação dentro do processo, Erika Marena rebate que tenha requerido a liberação dos suspeitos após os interrogatórios. Segundo ela, se fosse este o caso, a Polícia Federal teria representado apenas pela sua condução coercitiva.
A reportagem da NSC TV teve acesso a uma parte do inquérito. O reitor afastado aparece pouco no documento. É citado apenas como a pessoa que nomeou os professores que mantiveram a política de desvio de verba e que tentou atrapalhar a investigação interna. Cancellier também teria pressionado para a saída da antiga coordenadora de um curso de educação, Taísa Dias, que é uma das testemunhas. Ela apresentou à Polícia Federal um ofício de Rogério Nunes, um dos servidores suspeitos, mandando depositar 500 reais nas contas de 14 pessoas, com recursos do ensino à distância, a título de cesta natalina.
Outra testemunha, o professor Martin Petroll, diz que o celetista Roberto Moritiz, também investigado, solicitou a devolução da mateade do valor de uma bolsa para a conta de Rogério Nunes. Seria um tipo de acordo de cavalheiros.
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* Com reportagem de Edivaldo Dondossola, Pedro Rockenbach, Julio Ettore, Antonio Netto e Rafael Faraco, da NSC TV