Na colaboração premiada à Justiça Federal, o senador Delcídio Amaral (PT) implica, além de Lula e Dilma, outro grande expoente do Partido dos Trabalhadores: José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil.Dirceu, que está preso em Curitiba por suposto envolvimento em corrupção, teria sido o petista que mais pressionou para que o pecuarista José Carlos Bumlai (amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva) fosse beneficiado com um empréstimo de R$ 12 milhões.O financiamento foi feito pelo banco Schahin e teria sido usado por Bumlai para quitar dívidas do PT.

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Na versão de Delcídio, porém, os R$ 12 milhões teriam sido usados para pagar pelo silêncio de um empresário, Ronan Maria Pinto. O executivo, ligado ao setor de transportes, estaria chantageando a cúpula petista com a ameaça de delatar fatos relativos a uma “caixinha” paga pelo empresariado para socorrer as finanças do partido e também episódios envolvendo o assassinato do prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel.

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O futuro de Dilma

O que Delcídio falou de Lula

Teria partido de José Dirceu e de Delúbio Soares (então tesoureiro nacional do PT) a orientação para a triangulação envolvendo os R$ 12 milhões emprestados pelo Banco Schain a Bumlai. Em troca, o grupo Schahin (que inclui o banco e empresas de engenharia, petróleo e gás) teria vencido concorrência para administrar a sonda petrolífera Vitória 10.000, alugada pela Petrobras.

— Outra parte do empréstimo de R$ 12 milhões quitou dívidas de campanha eleitoral da prefeitura de Campinas de 2004, cujo candidato foi apoiado por Zé Dirceu. Dirceu e Delúbio fizeram contatoe usaram de seu peso politico junto ao banco Schahin para que o empréstimo fosse autorizado em favor de Bumlai — descreve Delcídio.

Delcídio também diz que Dirceu é quem apadrinhou a continuidade do executivo Dimas Toledo como um dos dirigentes da empresa Furnas, do setor elétrico. Dimas já era afilhado de José Janene (PP) e também de Aécio Neves (PSDB) e Lula teria estranhado que Dirceu também pediu para que ele continuasse no cargo da estatal.

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— “Pelo jeito ele está roubando muito!” — teria dito Lula a Delcídio.

Lula explicou, então, que seria necessário muito dinheiro para manter três grandes frentes de pagamentos e três partidos importantes. Delcídio recorda que Dirceu teria repetido mais de uma vez:

— Se Dimas for nomeado ascensorista de Furnas, mandará no Presidente da empresa.