Nascido em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, foi em Santa Catarina que o senador Delcídio Amaral estabeleceu sua segunda casa. Depois de voltar da Europa, em 1991, o sul-matogrossense assumiu uma função de diretor na Eletrosul, onde ficou por três anos. Mesmo ao sair de Florianópolis, a família de Amaral estabeleceu uma estrutura familiar e empresarial na cidade. Ao longo de sua trajetória como político, manteve a ligação com a Capital catarinense. É dono de pelo menos um apartamento, além de a esposa administrar duas lojas de uma franquia em shoppings na cidade. O senador ainda aproveita com frequência as festas de Florianópolis. Sempre ao lado da esposa e em algumas acompanhados das filhas:

Continua depois da publicidade

Carreira política em SC

Formado em engenharia elétrica, Amaral trabalhava na Holanda no final da década de 1980, onde atuava na Shell. Ao retornar para o Brasil, em 1991, foi indicado como diretor de finanças da Eletrosul, em Florianópolis, quando o Presidente da República era Fernando Collor. A estatal, além de transmitir energia para a região Sul, também prestava serviço para o Mato Grosso do Sul, Estado natal de Amaral.

Em seu site pessoal, o senador tem uma foto em que discursa na Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc). Pouco tempo depois, o líder do governo Dilma no Senado assumiu outra função no governo federal como secretário Executivo do Ministério de Minas e Energia até ser nomeado ministro responsável pela pasta, em 1994, no mandato do presidente Itamar Franco. No governo de Fernando Henrique Cardoso, Amaral trabalhou como diretor de Gás e Energia da Petrobras.

Continua depois da publicidade

De 1998 a 2001, ele foi filiado ao PSDB. Depois disso, assinou ficha no Partido dos Trabalhadores (PT). O sul-matogrossense foi eleito senador pela primeira vez em 2002 com 500 mil votos. Por duas vezes, tentou ser governador do Mato Grosso do Sul, mas não teve êxito. Em 2005, ocupou o cargo de presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPMI) dos Correios, que deu início às investigações do Mensalão.

Nome na lista de empreiteira

Em reportagem da revista Época, em 2009, foi divulgada uma lista apreendida na construtora Camargo Corrêa onde apareciam nomes de políticos que teriam recebido valores da empreiteira na década de 1990 no Brasil e no exterior. O nome de Amaral estava lá, de acordo com a publicação. Ele foi citado como Delcídio Gomes, já que o último nome dele é Gómez. A revista afirmava que as linhas da página eram correspondentes à obra de Machadinho, uma usina hidrelétrica construída no Rio Grande do Sul. Ele teria recebido, diz o texto, R$ 485 mil em quatro remessas. À época, ainda era diretor da Eletrosul.

À publicação, Delcídio alegou em 2009 que achava estranho nome dele estar na lista e disse que tinha “total desconhecimento disso”.

Continua depois da publicidade

Improbidade administrativa

Em 1999, o Ministério Público Federal (MPF) de Santa Catarina entrou com uma ação de improbidade administrativa contra Amaral. Isso porque o órgão alegava que o então ministro de Minas e Energia, em 1994, Alexis Stepanenko, nomeou Amaral, que era funcionário em cargo comissionado, para o cargo de secretário executivo da pasta. Stepanenko teria, então, solicitado à Eletrosul que fosse dada licença remunerada a Amaral, mesmo ele não sendo do quadro da autarquia. Depois disso, a diretoria da Eletrosul teria dado ao senador a continuidade de seu pagamento como diretor, ajuda de custo mensal, passagens de Brasília a Florianópolis e reembolso em transporte de móveis e utensílios. Em 2002, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que Stepanenko e Amaral não praticaram improbidade administrativa no caso e por isso ficaram livres da denúncia.

Investimentos na cidade

Pelo tempo que morou em Florianópolis, o senador do Mato Grosso do Sul estreitou os laços com Santa Catarina. Na declaração de bens ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para as eleições de 2010 – quando se reelegeu -, o petista informou ter um imóvel e uma conta bancária em Florianópolis. Conforme informações prestadas ao TSE à época, Delcídio tem um apartamento na Capital, avaliado em R$ 106 mil e é titular de uma conta corrente em agência do Banco do Brasil na cidade. A esposa do senador mantém duas lojas de uma franquia em shoppings de Florianópolis. O primeiro empreendimento foi aberto em 1999, ou seja, há 16 anos. Com frequência ela faz eventos de lançamentos de roupas e coquetéis para promover a marca.

Badalação na Ilha

As vindas do senador para Santa Catarina eram sempre cercadas de muita badalação. Amaral era presença constante em festas de diferentes estilos. No começo deste ano, ele estava no show de Bob Sinclair, no P12, onde foi fotografado curtindo o evento ao lado de duas das três filhas e da esposa. Em outras imagens que circulam pela internet, o senador está acompanhado da esposa em aniversários dela e outros eventos na Ilha. O presidente licenciado do PT em SC e atual diretor financeiro da Eletrosul, mesmo cargo que Amaral ocupava na estatal, Claudio Vignatti, disse ao DC que o senador não tinha qualquer aproximação com o partido no Estado. Segundo ele, Amaral “vem veranear aqui apenas”.

Continua depois da publicidade

Ao lado de outro preso na Lava-Jato

Algumas fotos de festas em que Amaral está participando chamam atenção. Em uma delas, o senador está sentado ao lado de José Antunes Sobrinho, um dos donos da construtora Engevix, recentemente preso na Operação Lava-Jato. A imagem foi feita em 2011, no aniversário da esposa do sul-matogrossense em Jurerê Internacional. Sobrinho foi detido em Florianópolis em setembro deste ano.