Apesar do apelo dos Estados Unidos para que o ex-técnico da Agência Nacional de Segurança (NSA) Edward Snowden fosse preso e extraditado, Hong Kong permitiu que ele embarcasse no fim de semana no aeroporto Chek Lap Kok, dando início a uma fuga com requintes de roteiro cinematográfico.

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A jornada do novo inimigo de Washington, que revelou um sistema secreto de vigilância na internet, agrava a tensão internacional no caso, e envolve, agora, a América Latina.

Snowden desembarcou no aeroporto internacional Cheremetievo, em Moscou, em um voo da companhia russa Aeroflot, às 17h (8h no horário de Brasília). Sem ser notado sequer pelos passageiros do avião, teria sido recebido ainda na pista por um veículo. Dois carros diplomáticos do Equador – país que confirmou, ontem, ter recebido um pedido de asilo de Snowden – foram vistos no local. Segundo agências de notícias, o ex-técnico passaria a noite antes de seguir por uma rota sigilosa, elaborada para dificultar sua prisão.

Parte da imprensa divulgava ontem informações de que Snowden seguiria, antes, para Havana e Caracas, sem mencionar Quito. Outras fontes, porém, apontavam que a Islândia poderia ser o destino final. A saída de Hong Kong foi articulada pela organização WikiLeaks – cujo fundador, Julian Assange, está confinado na embaixada do Equador em Londres há um ano. Assange já havia recomendado que Snowden buscasse a América Latina.

Americanos lamentaram decisão de Hong Kong

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Em comunicado, o WikiLeaks cita o ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, que declarou estar interessado “em preservar os direitos de Snowden”, assim como protegê-lo como pessoa.

O governo de Hong Kong – região administrativa especial da China – declarou não ter “bases legais” para barrar o ex-consultor de 30 anos, justificando que o governo americano, que o acusa de espionagem, roubo e uso indevido de propriedade do governo, não teria repassado informações suficientes para justificar a detenção. Os Estados Unidos pediram que os países não permitam a entrada do americano e se disse “frustrado” pela atitude de Hong Kong.

A China reagiu a uma informação vazada por Snowden de que a NSA interceptou milhares de mensagens de celulares no país e hackeou servidores da principal empresa de fibra óptica em Hong Kong.