Principal testemunha da PF na Operação Porto Seguro, o auditor do TCU Cyonil da Cunha Borges de Faria Jr. afirmou nesta terça-feira que o ex-ministro José Dirceu estaria envolvido no esquema de compra de pareceres.
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Cyonil deu entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo. Ele relatou ter recebido oferta de R$ 300 mil de Paulo Rodrigues Vieira para dar parecer favorável à Tecondi, empresa de contêineres que opera em Santos. A firma usava instalações portuárias que não estavam previstas em concorrência e, por isso, era alvo da ação do TCU. Segundo o auditor, Vieira teria dito que o negócio era de interesse de Dirceu.
-Na ocasião, ele (Vieira) escreveu que o processo era de interesse, suposto interesse, de José Dirceu. Escreveu R$ 300 mil e passou para mim – falou Cyonil.
E completou:
– Uma hora, ele (Vieira) falava que o dinheiro vinha da empresa (Tecondi). O empresário iria pagar. Outra hora, falava que o interesse era de Dirceu e que o dinheiro viria de José Dirceu.
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Cyonil disse que nunca aceitou a propina e que continuou negociando com Vieira para reunir provas. Mesmo os R$ 100 mil recebidos pelo auditor foram entregues à PF. Dirceu negou envolvimento no caso e disse que seu nome foi usado indevidamente.
No Congresso, a ordem do Planalto é controlar o escândalo. Governistas fizeram acordo com a oposição para levar o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o chefe da AGU, Luís Inácio Adams, para falar sobre as suspeitas. O acerto tem o objetivo de evitar a convocação dos investigados.
Os governistas convenceram senadores a não colocar em votação convites aos acusados para depor. Em contrapartida, firmaram compromisso para que Adams e Cardozo falem. O convite a Adams já foi aprovado em comissão do Senado. Os senadores também aprovaram convite para ouvir os presidentes da ANA e da Anac.