Depois da apreensão de cinco toneladas de maconha no ano passado em Santa Catarina, a Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc) da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) vai focar o trabalho de 2017 no tráfico de cocaína, que em 2016 teve apenas 200 gramas aprendidas pela equipe especializada no combate a entorpecentes. Os investigadores pretendem desarticular os grupos responsáveis por trazer a drogas de outros países para SC.

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Linhas iniciais de investigação apontam que o produto vem do Peru e da Bolívia. O transporte é feito por via terrestre, mas existe a possibilidade do uso de aviões e pistas clandestinas.

— Não vamos deixar de investigar o tráfico de maconha, mas pretendemos aumentar a apreensão de cocaína, porque ela dá um lucro grande para as organizações criminosas. Vamos tentar desarticular essas ações trabalhando junto com a divisão de investigação da lavagem de dinheiro — explicou o delegado Pedro Henrique Mendes.

Com a grande quantidade de maconha apreendida em 2016, a Denarc conseguiu traçar as principais rotas do tráfico que abastecem Santa Catarina. Um dos motivos para os números elevados, segundo reportagem do DC de junho de 2016, é a safra do produto no Paraguai. A maior parte das drogas, segundo a investigação, parte da fronteira do Brasil com o Paraguai, em Ponta Porã (MS).

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De lá vieram 4,4 toneladas apreendidas no ano passado. O maior carregamento foi recolhido em outubro, na BR-282, em Rancho Queimado. Em um caminhão, a droga estava escondida sob pacotes de lã. O motorista do veículo e dois homens que serviam de batedores em carros para a carga foram detidos e continuam presos. A carga estava avaliada em R$ 8 milhões.

Os pacotes recolhidos revelaram para a Denarc que as drogas seriam divididas na Grande Florianópolis. Em cada embrulho havia um adesivo que identificava a localidade para onde o produto seria enviado. Para dificultar ainda mais a localização dos entorpecentes e evitar o reconhecimento dos cães farejadores, os traficantes passaram graxa ao redor dos produtos.

As investigações sobre o tráfico de maconha revelaram que parte das cargas apreendidas havia sido encomendada por organizações criminosas. A droga confiscada em Rancho Queimado foi um exemplo disso. Naquele caso, um grupo de traficantes havia comprado os produtos em consórcio. Um dos pontos que chamam atenção é que presos ajudam a intermediar a negociação de dentro dos próprios presídios.

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As outras grandes apreensões de maconha feitas pela Deic ocorreram em Biguaçu (100 kg), Bom Retiro (100 kg), Balneário Piçarras (100 kg), Garuva (250 kg) e Florianópolis (300 kg).

Dois Estados no roteiro do transporte da droga

Segundo o delegado da Denarc, a maconha que sai do Paraguai passa normalmente por três Estados até chegar em Santa Catarina: Mato Grosso do Sul e Paraná. Nesta última, fica o segundo ponto mais usado para a entrada da droga que tem destino SC, a fronteira entre Brasil e o Paraguai em Foz do Iguaçu e Ciudad Del Este.

— As rodovias mais usadas para o transporte são as BRs 277, 101 e 282. Por isso a Polícia Rodoviária Federal tem sido essencial para nossas apreensões — destacou Mendes.

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Drogas sintéticas e cigarros entre as apreensões

Além da maconha e da pequena quantidade de cocaína, a Denarc recolheu 260 mil carteiras de cigarro contrabandeados em 2016. Segundo o delegado, o carregamento é avaliado em R$ 1 milhão e, da mesma forma que os entorpecentes, financia o crime organizado. Em Florianópolis, em outubro do ano passado, sete pessoas foram presas com 5,6 mil comprimidos de ecstasy. O produto era vendido por uma quadrilha que comprava de fornecedores estrangeiros.