Sem entrevistas longas, com cautela em nomes e detalhes, os delegados que apuram o desvio de peças do complexo administrativo da Secretaria de Segurança Pública (SSP) sinalizaram, na tarde desta sexta-feira, que a investigação está praticamente concluída. Eles não quiseram antecipar a relação de indiciados e prometem entregar até terça-feira o inquérito à Justiça de São José, na Grande Florianópolis.

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O ex-presidente da Comissão de Leilões do Detran, tenente-coronel José Theodósio de Souza Júnior, foi interrogado de manhã na Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Florianópolis, pelos delegados Alexandre Carvalho e Rodrigo Green.

Os policiais pretendiam interrogar também o secretário adjunto da SSP, coronel Fernando de Menezes, mas o segundo depoimento dele não aconteceu porque a intimação não teria chegado a ele oficialmente.

O delegado Alexandre não quis apontar os indiciamentos nem a conclusão da polícia sobre o desvio das peças. Afirmou apenas que entre segunda ou terça-feira enviará o inquérito à Justiça e mandará também cópia da investigação para a Corregedoria da SSP e Tribunal de Contas do Estado.

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– Tivemos alguns pedidos de defesa e por isso novos depoimentos, além da demora dos laudos periciais – respondeu o delegado Alexandre sobre o adiamento na conclusão do inquérito, que estava prevista para essa semana.

Pelo menos seis pessoas, por enquanto, figurariam na lista de indiciadas na apuração por suposto cometimento de crimes. A investigação foi aberta no final do ano passado, depois que a Deic monitorou uma carreta que saiu do pátio da SSP, em São José, e foi parar em um ferro-velho em Joinville.

No caminhão havia motores e peças que deveriam ser triturados, e não comercializados. No mês passado, a G-Truck, empresa de Joinville responsável pelo transporte, devolveu a carga ao pátio da SSP.

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Também em abril, o secretário da SSP, César Grubba, afastou cinco integrantes da Comissão de Leilões do Detran por causa das denúncias do desvio de peças, entre elas o tenente-coronel Theodósio.

Clima tenso entre delegados

O final da investigação agita os corredores da Deic, no Estreito, e as salas dos delegados. Embora os policiais neguem qualquer tipo de pressão, é fato que o inquérito do ferro-velho, como ficou conhecido, agita os bastidores da diretoria considerada a elite da Polícia Civil no Estado.

Desde dezembro, a investigação é marcada por desgaste dos delegados com a cúpula da Secretaria de Segurança Pública. Isso porque acabar com a sucata do pátio da SSP era um projeto dado como modelo da atual gestão.

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A iniciativa acabou com a descoberta do desvio de motores, afastamento da comissão que deveria cuidar da execução e a suspensão do serviço pela empresa vencedora.

O episódio ainda foi marcado pela polêmica declaração do secretário-adjunto e coronel Fernando Menezes ao viva-voz e ouvida por autoridades, de que a apuração seria movimento de delegados para derrubar o secretário da segurança.

Outro capítulo envolveu a exoneração do então diretor da Deic, delegado Cláudio Monteiro, em abril, cuja saída gerou revolta dos colegas da Deic. Alguns associaram a saída ao inquérito. Foi então que a Deic passou a divulgar as irregularidades envolvendo o desvio de peças.

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