Algumas intervenções cirúrgicas têm o poder de não só melhorar o funcionamento de alguma parte do corpo como ainda refletir na estética, elevando a autoestima. É o caso da cirurgia ortognática, subespecialidade das cirurgias e traumatologias bucomaxilofaciais. É indicada para pacientes com deformidades no esqueleto facial e nos dentes. O resultado, além de deixar a pessoa com melhor aparência e simetria no rosto, corrige a mordida do paciente e, em muitos casos, a respiração. A cirurgia, que pode ser realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de convênios ou de forma particular, evoluiu muito nos últimos anos e já pode ser planejada em programas 3D.
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As deformidades da face estão basicamente ligadas ao excesso ou pouco crescimento do esqueleto facial. Quando os pacientes têm a mandíbula pequena, o caso é batizado de retrognatismo mandibular. Pessoas com esse caso lembram o famoso compositor Noel Rosa, com pouco queixo. Por outro lado, há o prognatismo mandibular – nesse caso, a mandíbula cresce demais, projetando o queixo para frente da maxila (osso que acomoda os dentes superiores). Não raro, os pacientes com essa condição apresentam mais de um problema, como o excessivo crescimento da mandíbula aliado ao pouco crescimento da maxila. A recomendação, nesses casos, é operar os dois segmentos.
Essas deformidades podem se dar por síndromes e anomalias (fatores teratogênicos, embriológicos, microssomia hemifacial, fissuras faciais, craniossinostoses, entre outras), trauma facial, problemas musculares e hormonais ou herança genética. O problema atinge entre 5% e 10% da população.
No caso das cirurgias, o odontologista Sérgio Monteiro, preceptor da residência de cirurgia bucomaxilofacial do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que a evolução da tecnologia tem beneficiado muito os procedimentos. Segundo ele, antigamente, o planejamento era feito a partir de moldes. O traço dos cortes a serem feitos no paciente e a posição dos segmentos ósseos eram elaborados no papel, o chamado traçado predictivo.
– Fazemos uma tomografia do paciente e o planejamento num programa de simulação 3D, o que garante o posicionamento e a distância corretos – explica.
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Segundo Monteiro, já há equipamentos que permitem a verificação da posição da maxila com muita precisão, por meio da sobreposição da imagem da maxila planejada virtualmente e de sua posição real. Cabe ao cirurgião conseguir sobrepor as imagens para que a maxila fique exatamente como no planejamento 3D. Outra ferramenta inovadora é a Chave de 90°, que permite ao profissional fixar parafusos por dentro da boca, evitando cortes na bochecha do paciente, diminuindo as cicatrizes e o risco de outras complicações.