Déficit de abastecimento de água em Blumenau atinge 19 bairros

Pelo menos uma parte do dia, os canos estão secos em 19 bairros abastecidos pela Estação de Tratamento (ETA) II. A explicação para a falta de água ultrapassa a alegação mais recente do Samae, relacionada a enchente do fim de semana quando houve excesso de turbidez do Rio Itajaí-Açu e uma bomba de captação na ETA II, que abastece 75% de Blumenau, parou de funcionar.

Estes problemas foram solucionados ontem, segundo o presidente do Samae, Valdair José Matias, mas a água ainda não chegou nas casas e moradores dão conta que a irregularidade no abastecimento não é recente.

A dona de casa Silvana Augusto Rosa Hermann, 24 anos, conta que a água falta há pelo menos dez anos na Rua A do Loteamento Vila Jensen, na Itoupava Central. A solução encontrada por ela é acumular água como pode para uso das quatro pessoas da família.

Com ou sem enchente, Silvana espalha baldes na frente de casa para coletar chuva e acorda de madrugada para abrir as torneiras e checar quando o ar cede espaço para a água:

_ É raro o dia que não falta água por aqui. Se não faltar às 8h, vai faltar às 15h.

A mãe de Silvana, dona Daimar Fantini Rosa, 64, também conhece bem os horários de falta de água. A idosa acorda diversas vezes na madrugada, para garantir uma quantia mínima para as necessidades básicas:

_ Aqui, quem tem preguiça de levantar de madrugada fica sem uma caneca água até para o café!

O aposentado Paulo Roberto Santos Carvalho, 65, recorda que o problema de abastecimento é mais antigo. Desde que mora no Bairro Tribess, há 15 anos, sofre com a falta de abastecimento. Nos últimos dias, em que a água quase não alcançou a casa, controlou o consumo que chegava na caixa e usou o conteúdo da piscina para outras necessidades.

_ Quando tem enchente a gente até entende. Mas quando não é a ETA II, é esta bomba. Será que este sistema não está obsoleto? _ questiona Carvalho.

O presidente do Samae argumenta que o crescimento da região Norte influencia na dificuldade de abastecimento uniforme da água tratada na ETA II. Também admite falta de planejamento e investimentos para aprimorar a distribuição da água.