Deficientes visuais e auditivos são contemplados no projeto de audioguias de São José

Eu gosto muito de visitar lugares que tenham audioguia. Prefiro eu mesma selecionar o que quero ver, que histórias quero escutar e quanto tempo vou me deter em frente a cada monumento, quadro, ou seja lá o que for que estiver conhecendo. Parece que as pessoas que visitam o Centro Histórico de São José também, especialmente um público muito especial de turistas: os deficientes visuais. Eles estão sendo contemplados no projeto “Audioguias – Experiência de visita para todos”.

Além de terem todas as informações sobre o Museu Histórico de São José e do Centro Histórico da cidade nas gravações contidas no aparelhinho do audioguia, os deficientes visuais, por meio do tato, na ponta dos dedos, vão aos poucos “conhecendo” as atrações, emocionando-se com as novas descobertas. Recentemente, alunos da Associação Catarinense Para Integração do Cego (ACIC) testaram a novidade e aprovaram. A iniciativa atende ainda deficientes auditivos, que podem contar com a tradução das informações em Libras; e também o público em geral, por meio de gravações das explicações em português, inglês e espanhol.

O historiador e diretor do Museu Histórico Municipal de São José, Rafael Barcelos Martins, explica que, ao acessar o audioguia, todos os visitantes recebes um mapa do Centro Histórico com as numerações de faixa correspondentes aos pontos históricos e, desta forma, ganham mais autonomia ao longo do passeio. “A pessoa não fica presa a um guia ou a um mediador, pois ela mesma pode fazer o roteiro de acordo com seu interesse e disponibilidade, escolhendo a faixa correspondente ao que ela quer, digitando apenas o número referente ao local”, conta Rafael.

O projeto Audioguias é fruto de uma parceria entre a Prefeitura de São José, por meio da Fundação Municipal de Cultura e Turismo (FMCT), e a Caixa Econômica Federal, através do Programa Cultural da Caixa, que seleciona projetos de museus para assegurar a democratização do acesso e a preservação do patrimônio cultural brasileiro. “Este é um projeto que garante mais acessibilidade a todos, valorizando a história e a memória do município a partir das informações sobre os bens culturais que se encontram espalhados pelo Centro Histórico de São José”, assinala a superintendente da FMCT, Joice Porto.

A turma da ACIC realizou todo o circuíto de visitação externo, no entorno da Praça Hercílio Luz, e o circuito interno no Museu, no Centro Histórico. Para a aluna Roseli Corrêa, “a visita fez com que a gente sentisse a cidade como ela realmente é, e como as pessoas que enxergam a veem. Permitiram que tocássemos nas coisas, sem preconceitos, e, desta forma, me senti acolhida de verdade. Foi uma experiência única e enriquecedora, pois afinal conhecemos lugares e histórias que antes não tínhamos a possibilidade”.

O aluno Gustavo de Simas ressaltou: “Conhecer a história local e a cultura açoriana, podendo senti-las e imaginá-las mentalmente, é inenarrável para nós, cegos. O recurso de audiodescrição tornou tudo ainda mais interessante e, com certeza, não vou esquecer das sensações despertadas e do conhecimento adquirido aqui”.

Os interessados em conhecer o projeto, o acervo do Museu, o Centro Histórico de São José e suas histórias podem realizar a visita de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h. As visitas com o audioguia podem ser feitas de forma individual ou em grupo, com agendamento pelo telefone (48) 3247-0059.