Os advogados da nadadora Rebeca Gusmão enviaram à Federação Internacional de Natação (Fina) um pedido para anular sua suspensão provisória, informou ao site G1 a empresária e assessora da atleta brasiliense, Gisliene Hesse, nesta quinta-feira. As alegações são de que não haveria volume suficiente de urina para fazer a contraprova e de que o laudo parcial do exame, feito por um laboratório canadense, seria inconclusivo. Rebeca está suspensa preventivamente desde 5 de novembro, depois que a Fina divulgou resultado positivo no seu antidoping. O exame apontou presença de testosterona. Os testes de contraprova realizados até agora apresentaram indícios de testosterona exógena (que não é produzida pelo organismo).

Continua depois da publicidade

O médico cubano José Blanco Herrera, que representou a atleta na abertura dos testes de contraprova, no Canadá, voltou a reclamar da demora no resultado final do exame. De acordo com ele, um exame como esse demora entre 48h e 72h.

– O processo foi excessivamente demorado. Tenho acompanhado muitos atletas e não lembro de ter demorado mais de dois dias. Não é um procedimento normal. Como argumento para a demora, eles colocaram no informe prévio que existia pouco volume de urina para algumas medições. Não sei de que maneira, depois de quatro dias trabalhando, esse volume iria se multiplicar – ironizou, durante entrevista coletiva, em Brasília.

Ele também levantou suspeitas de contaminação do material. Segundo o médico, tanto no primeiro exame quanto na contraprova, a quantidade de material analisado tem que ser a mesma. O pai de Rebeca, Ajalmar Gusmão, também fez queixas sobre o laboratório.

– Praticou irregularidades grosseiras – disse, desabafando em seguida: – Esse é o mal do esporte amador, do esporte olímpico no Brasil. As entidades existem por causa dos atletas. Usam os atletas, mas quando os atletas precisam, viram as costas.

Continua depois da publicidade

A Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa) cassou as quatro medalhas conquistadas por Rebeca nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro: duas de ouro, uma de prata e uma de bronze. Ela foi um dos destaques do Brasil na competição, por conquistar o ouro inéditos na natação feminina. A nadadora responde a um outro processo por doping no Tribunal Arbitral do Esporte do Esporte (TAS) na Suíça. Se for condenada nos dois casos, pode ser banida do esporte.

Em outra frente, um inquérito na Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Saúde Pública (DRCCSP), no Rio de Janeiro, foi aberto para apurar suspeita de fraude nos antidoping, pois foi constatada a existência de DNA diferente no material coletado. Entretanto, na fase preliminar do inquérito, ninguém foi indiciado. A investigação está agora no Ministério Público, que pode, ao devolver o caso à Polícia Civil do Rio, sugerir mais interrogatórios. Não há prazo para a conclusão do inquérito.

– Não descartamos nenhuma hipótese. Nada está muito claro ainda – disse o delegado Marcos Cipriano.