A defesa da nutricionista de Criciúma investigada por desvio de carne da merenda escolar nega a participação da cliente no crime. A profissional e uma taxista foram presas na segunda-feira, mas foram liberadas em seguida e vão responder o processo em liberdade. A nutricionista é funcionária da Associação Feminina de Assistência Social de Criciúma (Afasc), que administra 33 Centros de Educação Infantil (CEIs) da cidade.

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A advogada Priscila Serafim Proença, que representa a profissional, disse que ela é responsável pelo planejamento de compras, cardápio e distribuição de alimentos para cerca de cinco mil crianças. Sobre o caso do desvio de carnes, informou que a nutricionista pode ter sido acusada por conta de um desacordo comercial e sofrido uma calúnia, já que a denúncia foi anônima, segundo a defesa.

DC: Como o nome da acusada surgiu nessa situação?

Priscila Serafim Proença: O nome dela caiu nessa situação a partir de uma denúncia anônima, segundo o delegado. Até o momento não tive acesso ao inquérito. Assumindo o caso como advogada de defesa, a gente já tem uma possibilidade de (saber) quem fez essa denúncia anônima e até a motivação disso.

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DC: Haveria uma motivação, então?

Priscila: Teria um desacordo comercial que teria originado essa questão toda. Como se fosse uma calúnia. A pessoa que me passou essa informação falou comigo por telefone, vamos nos encontrar. Essas pessoas seriam outros fornecedores da Afasc, que tiverem conhecimento desse problema que a minha cliente vinha tendo com um outro fornecedor, mas ainda não tenho detalhes para passar.

DC: O alimento estava na casa da nutricionista?

Priscila: Não, quem estava com o alimento em casa era a taxista. Minha cliente estava na cooperativa, tinha ido buscar alguns documentos, quando o delegado chegou para dar cumprimento ao mandado de busca e apreensão. Esse mandado tinha por objetivo a residência da taxista e a cooperativa. O delegado encontrou minha cliente lá, convidou ela para acompanha-lo até a casa da taxista, ela foi de muito boa fé. Chegando lá o delegado apreendeu esses 50 quilos de carne. No momento ele acabou envolvendo a minha cliente em um flagrante que não era dela Quem estava em estado de flagrância era a taxista, por isso eu pedi o relaxamento da prisão em flagrante. A outra conduzida teve o flagrante homologado, mas o juiz concedeu liberdade provisória por entender que a liberdade não acarreta risco nenhum, nem para o processo e nem para a comunidade.

DC: Quais os próximos passos da defesa?

Priscila: Principalmente, obter acesso à investigação para saber efetivamente do que é que nós estamos tratando. Por enquanto se fala desse desvio de carne, quanto a isso estou absolutamente tranquila que não houve. Até tem uma questão de transporte irregular no sentido de acondicionamento. Essa cooperativa que fornecia carnes e outros gêneros alimentícios tinha contrato com a Afasc que vinha incluído um frete, uma entrega por mês. Fora isso, seria cobrado extra, e muito mais caro do que se fosse feito pela própria Afasc ou terceiros. Esse transporte acabava sendo feito pela própria nutricionista utilizando taxista, aplicativo de serviços, carros particulares dos colegas de setor. Isso tudo quando não havia motorista da Afasc disponível para pegar o alimento e remanejar de uma creche para a outra. Não é uma conduta ilegal no sentido criminoso, mas no sentido de segurança de alimentos. Ela já havia solicitado que isso fosse regularizado, mas houve negativa por falta de orçamento.

DC: Quando ocorreria esse desvio, no momento do transporte?

Priscila: Eu não tive acesso, o fato é que não houve desvio. A minha cliente nunca autorizou nem participou de nenhum desvio. A gente não sabe efetivamente se houve mesmo desvio ou se a partir dessa denúncia, por causa desse transporte irregular, não sei dizer.

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DC: O que a taxista falou até agora?

Priscila: No dia do auto de prisão em flagrante, acompanhei os depoimentos. Em um momento ela diz que ganhou carne da nutricionista, em outro diz que comprou e num terceiro momento fala que a minha cliente teria entregue a carne em pagamento das corridas. Ela nega isso absolutamente, diz que todas as corridas foram pagas em dinheiro, e que nenhum carne da Afasc foi utilizada indevidamente.

DC: Como está a sua cliente?

Priscila: Ela está muito abalada, ela e a família toda, todos sofrendo com essa situação, mas ela desde o início se manteve firme de que não cometeu nenhuma irregularidade. Disse que tem provas, testemunhas, que o trabalho dela era muito transparente e que ela com certeza vai conseguir esclarecer essa confusão que foi feita com o nome dela.

A reportagem entrou em contato com a outra mulher investigada. Por telefone, a taxista disse que não quer comentar o assunto.

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