A defesa de Leonardo Natan Chaves Martins, acusado de assassinar a esposa Gabriella Custódio Silva no dia 23 de julho deste ano em Joinville, afirmou que pretende desclassificar o crime de feminicídio. Em coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (4), os advogados admitiram que, além da arma, os celulares do casal também foram destruídos dias após o episódio pelo pai do jovem, Leosmar Martins, com intuito de preservar a imagem deles.

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Leonardo irá a júri popular na Comarca da cidade. Ele será julgado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar). O julgamento deve ocorrer em março de 2020. Gabriella foi morta com um tiro de arma de fogo dentro de casa, no Distrito de Pirabeiraba, na zona Norte de Joinville.

Ainda segundo a defesa, o casal seria usuário de maconha e a intenção, ao destruir com os celulares, seria evitar que os pais de Gabriella descobrissem imagens dela fumando. O fato de a jovem ser usuária de drogas, porém, é negado pelo advogado de acusação, Marco Marcucci.

— Na fase processual, conversando com o pai do Leonardo, ele confessou que tirou os celulares da Chevrolet Captiva. Ele (Leosmar) reteve esses celulares e tanto ele quanto a mãe confessaram sobre isso. Ele fez como forma de preservar os dois, inclusive da família da Gabriella por não ter conhecimento sobre ela ser usuária de droga. Porque no celular tinha muitas fotos deles fumando. Tinha fotos que comprometeriam e eles não queriam manchar a imagem da Gabriella — disse uma das defensoras de Leonardo, Deise Kohler.

No entanto, Marcucci afirmou que essa informação não é verdadeira.

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— Ela (Gabriella) não era usuária de drogas. A família rechaça completamente essa informação — afirmou.

Defesa nega agressões

Ainda na coletiva desta segunda, a defesa pontuou que, em todos os depoimentos, não existia relato de agressões de Leonardo em relação à Gabriella.

— Não só as testemunhas de defesa, mas também as de acusação concluíam que eles tinham um relacionamento saudável. Claro, havia brigas como ocorre com qualquer casal, mas nada de agressões, algo que extrapolasse limites e justificassem o feminicídio como pano de fundo. Tanto as testemunhas de acusação afirmaram que era um relacionamento tranquilo e, inclusive, no momento dos fatos, não havia nenhuma briga, confusão, nada que justificasse uma intenção homicida — ressaltou Pedro Wellington Alvez, também responsável pela defesa do acusado.

Para o advogado de acusação, o fato de o pai ter se desfeito dos celulares pode esconder possíveis situações que revelem condutas agressivas do acusado.

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— Isso só provaria que ele matou por ciúmes. Com certeza tinha informação de agressão, as conversas dele com ela ou dela com outras pessoas poderia mostrar a conduta violenta de Leonardo contra a Gabi — pontua Marcucci.

Defesa não irá recorrer para não atrasar julgamento

O juiz Gustavo Henrique Aracheski, titular da Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Joinville, decidiu pelo júri popular de Leonardo, 21 anos, por homicídio doloso duplamente qualificado (surpresa e feminicídio) contra Gabriella Custódio Silva. A decisão foi divulgada no dia 25 de outubro.

O magistrado ainda determinou a manutenção da prisão preventiva do acusado e também pronunciou o pai de Leonardo, Leosmar, para julgamento pelos crimes de fraude processual e porte ilegal de arma de fogo. Durante a coletiva nesta manhã, a defesa informou que não irá recorrer da decisão de pronúncia, que tem a data desta segunda-feira como prazo final.

— Como ele está preso, e nós temos um habeas corpus a ser julgado no Supremo Tribunal de Justiça (STJ), não há a necessidade de recorrer e levar ele preso adiante, sendo que ele pode ser solto pelo STJ. Se nós recorrermos, a gente vai adiar esse julgamento, e a gente quer que ocorra o quanto antes — completa Pedro.

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Conforme os advogados, a defesa não busca absolvição, mas sim uma desclassificação do crime de homicídio doloso duplamente qualificado para homicídio culposo.

— Ele não possui antecedentes criminais, é réu primário, não é um risco para a sociedade, porque é um crime culposo, sem intenção nenhuma. Ele poderia estar respondendo em liberdade — afirma Deise Kohler.

Relembre o caso

Gabriella Custódio Silva foi morta com um tiro por volta das 17h30min do dia 23 de julho na rua Arno Krelling, no Distrito de Pirabeiraba, na zona Norte de Joinville. Gabriella teria sido atingida por um disparo de arma de fogo dentro de casa, colocada no porta-malas de um Chevrolet Captiva e levada ao Hospital Bethesda.

Após deixá-la no hospital, Leonardo Nathan fugiu do local. A partir da placa do veículo foi descoberto que o proprietário era o marido da vítima. Os policiais foram até o endereço registrado e não o encontraram.

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Quando os policiais estavam realizando buscas, a Captiva passou pela rua com duas pessoas. O motorista informou que o veículo havia sido deixado na casa de um amigo e, posteriormente, descobriram que o carro estava envolvido no crime. Por isso, estavam o levando à casa do proprietário, quem eles conheciam.

A Polícia Militar conduziu as duas pessoas até a Delegacia de Polícia para prestarem depoimento. Leonardo teria deixado Gabriella no hospital já sem vida.

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