O advogado Mauricio Jalil, que integra a defesa do executivo Márcio Bonilho, do Grupo Sanko Sider, que pegou 11 anos e meio de reclusão por participação no esquema de corrupção na Petrobras investigado na Operação Lava-Jato, afirmou que, provavelmente, deve entrar com um recurso denominado embargo de declaração até a próxima semana. O embargo de declaração é um pedido ao juiz que formulou a sentença para que ele esclareça tópicos considerados “obscuros ou omissos”.

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– Eu respeito os fundamentos e as razões pelas quais ele (juiz Sérgio Moro) se valeu para embasar sua decisão, mas não concordo – disse Jalil. – Eu acredito que não ficou comprovada a prática de lavagem.

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Jalil disse que a situação da Sanko Sider nos contratos da Abreu e Lima foi esclarecida pela perícia da Polícia Federal.

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– Os produtos (tubos) foram vendidos, não houve superfaturamento. Isso foi confrontado e comprovado por laudo da PF. No meu entendimento, não existe lavagem de dinheiro. Estranha essa decisão – disse Jalil.

O advogado disse também que “não ficou comprovada” existência de organização criminosa.

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– Não tem o número de pessoas para configurar o crime, muito menos os atos da própria organização. O Márcio (Bonilho) simplesmente pagava as comissões pela venda dos produtos. O que era feito com esse valor, o Márcio não tinha a menor ideia, desconhecia por completo.

Defesa de Youssef considera sentença “natural”

O advogado Antônio Figueiredo Basto, que defende o doleiro Alberto Youssef, afirmou que a sentença de quarta-feira “foi natural”. Youssef, peça central da Lava-Jato e um dos principais delatores do esquema de corrupção e propinas na Petrobras, não obteve perdão judicial. Pegou nove anos e dois meses de reclusão por lavagem de dinheiro e organização criminosa, mas em regime fechado cumprirá apenas três anos.

– Atingimos parte do nosso objetivo em relação a que a pena ficasse em três anos – declarou Figueiredo Basto. – Já com possibilidade clara de que a pena pode ficar menor.

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Ao aplicar três anos em regime fechado para Youssef, o juiz Sérgio Moro destacou que o doleiro violou um outro acordo de colaboração firmado em 2004 no caso Banestado – evasão de US$ 30 bilhões.

– Estamos estudando se vamos entrar com recurso em relação a questões da sentença que estamos analisando, como o perdão judicial.

O advogado João Mestieri, que defende o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, não respondeu aos contatos da reportagem.

A Petrobras, reconhecida como vítima no processo da Refinaria Abreu e Lima – a estatal será indenizada em R$ 18,6 milhões – não se manifestou sobre a condenação de oito alvos da Lava-Jato.

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* Estadão Conteúdo