A Defesa Civil de Santa Catarina informou que enviou equipe a José Boiteux, no Alto Vale do Itajaí, para negociar a abertura das comportas da barragem Norte, situada na cidade. Imagens divulgadas por membros da comunidade Xokleng, onde fica o reservatório, mostram a cavalaria da Polícia Militar chegando ao local no começo da noite deste sábado (15). O governo do Estado confirma o envio da tropa. Os vídeos também mostram uma caminhão que estaria levando o equipamento hidráulico necessário para a execução da manobra.

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O coronel Cesar Nunes, diretor de Gestão de Desastres da Defesa Civil SC, explicou que o cenário ideal seria abrir as comportas enquanto não volta a chover na região, para que seja possível liberar espaço no reservatório. A estrutura tem capacidade para 357 milhões de metros cúbicos de água e verteu pela primeira vez na história na noite de sexta-feira (13). O último boletim do Estado, divulgado às 16h deste sábado (14), mostrava que não havia mais transbordo e a barragem estava com 96,9% da capacidade ocupada.

A preocupação do governo do Estado se dá por causa da previsão de chuva a partir desse domingo (15), mas principalmente entre segunda e terça-feira, quando são esperados entre 70 e 100 milímetros para o Alto Vale do Itajaí. Nunes cita ainda que há consenso para abertura das comportas quando o nível do Rio Itajaí-Açu está entre 6,5 e 7 metros em Blumenau. A medição das 20h deste sábado mostrava o nível da água em 7,33 metros no município.

— Hoje (sábado) ou amanhã (domingo) vai ter que ser operado. Por que se quer operar agora? Porque tem uma janela em que a água em Blumenau já baixou e está consensualizado com todo mundo e porque agora é o período antes da chuva — diz Nunes.

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O governador Jorginho Mello esteve reunido com a Defesa Civil e os órgãos técnicos do Estado neste sábado à tarde, antes da coletiva. Ele reforçou a decisão de mexer nas comportas de José Boiteux. Destacou ainda que o governo segue em alerta porque a enchente não terminou.

Entenda o impasse

A barragem de José Boiteux está dentro de uma terra indígena legalmente demarcada e é alvo de impasse desde quando foi construída. No dia 8 de outubro, quando as comportas foram fechadas, houve conflito entre moradores das aldeias e a polícia.

O problema consiste no fato de que quando o reservatório enche, acaba alagando o território Xokleng. Uma decisão judicial de 2003 determinou ações de compensação pelos danos causados à comunidade, mas nunca foram pagas.

Em setembro, o Estado divulgou que irá cumprir a decisão, porém as fortes chuvas caíram antes do início das obras. Os indígenas queriam garantia de que o acordo vai sair do papel. Um dia antes do fechamento das comportas, o Estado tentou negociar as manobras do estrutura com o consenso dos Xoklengs, mas a não teve sucesso. Uma decisão judicial autorizou a operação das barragens.

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