Como professora, jornalista, tradutora e escritora, Lausimar Laus teve uma diversificada produção literária dos anos de 1940 aos 1970, período em que morou no Rio de Janeiro. Parte desta obra resultou de viagens que fez ao exterior. Mas a publicação mais conhecida remete às raízes e à infância em Itajaí, cidade onde nasceu em 1916.
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Leitura obrigatória para os vestibulares da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e tema de pesquisas universitárias, “O guarda-roupa alemão” ganhou destaque na literatura. O romance narra a saga de imigrantes alemães no Vale do Itajaí, por meio da família Ziegel, que mantém por gerações um guarda-roupa. O mobiliário, além dos pertences, preserva emoções e segredos dos Ziegel. A abordagem se amplia para o registro histórico e social de uma época e as aventuras e desventuras da natureza humana.
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A imigração alemã é temática recorrente da trilogia de romances da autora, que se completa com “Tempo permitido” (1970) e “Ofélia dos Navios” (1983), lançado quatro anos após a morte dela, aos 63 anos. Em outra obra, o ensaio “A presença cultural da Alemanha no Brasil”, o tema é retomado.
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Filha de uma professora e um oficial da marinha, a catarinense dedicou a vida à cultura germânica no Brasil. Traduziu livros, foi professora de alemão e deu aulas de literatura alemã na Universidade Federal Fluminense. Pela revista Manchete, fez uma série de reportagens na Alemanha e, em 1965, publicou o livro “Europa sem complexos”, com observações da viagem e crônicas.
A escritora ficou conhecida pela trilogia de romances, mas diversificou as publicações em poesias, ensaios, contos e crônicas. A estreia na literatura ocorreu em 1942, com os versos de “Confidências”. Alguns dos poemas foram musicados por Aristides Borges. Para as crianças, dedicou: “Histórias do mundo azul” e “As aventuras do Zé Golaço”, entre outros. Em 1953, publicou o ensaio “O Romance Regionalista Brasileiro”, resultado do 2º lugar no concurso da Academia Brasileira de Letras, categoria teses.
Além da literatura, Lausimar Laus também se destacou no magistério e no jornalismo numa época em que as mulheres ainda tinham pouco espaço fora do lar. Manteve à frente dos trabalhos o nome de solteira, mesmo casada por duas vezes. Como jornalista, trabalhou nos principais periódicos do país. Escreveu para as revistas Manchete e O Cruzeiro e os diários Jornal do Brasil, O Globo, O Estado de São Paulo, entre outros.
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Colaborou com o Grupo Sul, formado em Florianópolis por escritores e artistas, que publicaram a revista cultural Sul, de 1948 a 1957. Na carreira acadêmica, depois de concluir o curso normal em Florianópolis, se mudou para o Rio de Janeiro na década de 1940 e prosseguiu com os estudos fazendo licenciatura e mestrado em Letras e doutorado, na Espanha, pela Universidade de Madrid.
*Texto de Gisele Kakuta Monteiro
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