A prefeitura de José Boiteux, no Alto Vale do Itajaí, confirmou nesta quarta-feira (23) que revogou o decreto que determinava a língua portuguesa como língua oficial em todas as repartições públicas do município, o que por consequência proibia indígenas e até mesmo conselheiras tutelares Xokleng de se comunicarem em seu idioma materno.

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O caso provocou polêmica na semana passada e foi denunciado ao Ministério Público de Santa Catarina e à Assembleia Legislativa (Alesc) como racismo. O tema foi abordado durante uma audiência pública sobre Marco Temporal.

No comunicado desta quarta, a prefeitura de José Boiteux informa que o decreto “jamais teve objetivo de proibir direitos constitucionais, infraconstitucionais, convenções internacionais, ou, qualquer normativa que assegura aos indígenas sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários das tradições”. Também cita o fato de o município ter uma secretaria para temáticas sobre povos originários e possui servidores que também pertencem à comunidade indígenas.

Por fim, a prefeitura informou em nota que “para acabar com o mal entendido”, a administração “achou por bem revogar o referido Decreto 106/2023”.

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De acordo com o Censo do IBGE, José Boiteux é o quarto entre os 295 municípios do Estado com maior população de povos originários. Entre os 5.985 moradores, pelos menos 1.599 são indígenas.

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