Uma frase infeliz em plena campanha eleitoral levou o aborto ao centro da disputa presidencial nos Estados Unidos.
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Após o deputado e candidato republicano ao Senado Todd Akin provocar uma onda de indignação ao afirmar que uma mulher vítima de um “verdadeiro estupro” raramente fica grávida, o Partido Republicano tenta reduzir o impacto negativo da declaração nas eleições de novembro.
O candidato do partido à presidência, Mitt Romney, pediu que Akin se retire da disputa para o Senado pelo Estado de Missouri, uma sugestão que o congressista considera acatar, segundo afirmou nesta quarta-feira. Apesar da declaração polêmica do aspirante a senador, os republicanos devem, na convenção da próxima semana em Tampa, incluir na plataforma eleitoral a proibição total do aborto, sem exceções por estupro, incesto ou perigo de vida da mãe – tudo o que Akin deseja. É um projeto idêntico ao aprovado nas duas últimas convenções, em 2004 e 2008, com a diferença que, desta vez, as declarações de Akin colocaram o assunto aborto e os direitos das mulheres no primeiro plano da campanha eleitoral.
Aproveitando a gafe de Akin, o presidente Barack Obama afirmou que as declarações eram chocantes e ofensivas:
– Um estupro é um estupro.
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Os democratas vão insistir no debate, porque sabem que ele pode ser decisivo. Além de afugentar as mulheres do voto nos republicanos, evidencia o radicalismo de seus opositores. Cerca de 75% dos americanos são favoráveis ao aborto em caso de estupro, segundo uma pesquisa do instituto Gallup. A imprensa americana publicou um estudo de 1996 do Jornal de Ginecologia e Obstetrícia, que informava que 32.101 gestações (5% do total) eram resultado de um estupro.