A decisão sobre a liberação de uma substância encontrada na maconha, o Canabidiol (CBD), para uso medicinal foi adiada depois que o diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Jaime Oliveira, pediu vista para estudar o processo. A Agência discutiu, na tarde desta quinta-feira, a tranferência do CBD da lista de substâncias proíbidas para a lista de controle. A data em que a proposta voltará a pauta não foi divulgada.

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O Canabidiol é usado principalmente em doenças genéticas que provocam crises epiléticas e para aliviar dores de pacientes com câncer. Se for liberado, este será o primeiro derivado da maconha legalizado no Brasil.

Segundo a Anvisa, a substância não demonstra efeitos psicoativos ou potencial de dependência química. O presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, ressaltou que o debate não era sobre a liberação da maconha, mas sobre as implicações legais e à saúde da população que a permissão pode trazer:

– O que está em discussão aqui é se é viável e pertinente mobilizar um dos componentes da Cannabis Sativa da lista de proscritos para a lista de controle. – afirmou.

Para mães, preconceito levou ao adiamento

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Para as mães Katiele Fischer e Margarete Brito, que têm filhas de 5 e 6 anos que sofrem de doenças convulsivas, o assunto ainda não foi decidido por preconceito contra a substância, já que ela é extraída da maconha.

– O uso do CDB [o canabidiol] é uma questão de qualidade de vida – diz Katiele. Ela conta que a filha Ane, de 6 anos, sofre convulsões desde que tinha 45 dias de vida.

– Ela chegava a sofrer 80 convulsões por mês, e com o medicamento zerou o número de episódios.

Katiele conseguiu autorização judicial para importar o medicamento, mas diz que centenas de mães com o mesmo problema e com as quais troca mensagens sobre a questão ainda não conseguiram a licença.

Pesquisadores têm apontado efeitos positivos no uso do canabidiol em pacientes com mal de Parkinson, ansiedade, esquizofrenia e alguns transtornos de sono, entre outras doenças. No entanto, a substância integra uma lista de substâncias proibidas no Brasil, compondo a Lista F2 da Portaria 344/1998 do Ministério da Saúde, que trata de psicotrópicos.

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A área técnica da Anvisa recomendou que o canabidiol deixe de ser proibido para ser controlado, pois não viu estudos que mostrem a substância como causadora de dependência e identificou pesquisas em fase avançada que indicam sua eficácia como medicamento para diversas doenças.

*Zero Hora com agências