Uma semana antes do início do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), os advogados de um dos principais réus dos supostos crimes, o publicitário Marcos Valério, incluem novos documentos a sua defesa.

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O ministro Joaquim Barbosa começou a analisar na quinta-feira uma solicitação para que a Corte leve em consideração quatro recentes relatórios do Tribunal de Contas da União (TCU) que concluíram pela regularidade de contratos entre bancos e agências de publicidade.

Na petição protocolada no STF, o advogado Marcelo Leonardo sustenta que o TCU reconheceu a legalidade de procedimentos de agências de publicidade, entre as quais a DNA, de Marcos Valério. As empresas de publicidade obtiveram bônus porque movimentaram grandes quantias e veicularam um grande número de anúncios – mas não devolveram os valores para suas contratantes, no caso, os bancos que contrataram as agências de publicidade.

O advogado Marcelo Leonardo pede que os documentos relativos à decisão do TCU sejam juntados ao processo do mensalão, digitalizados e disponibilizados para consulta pelas partes e advogados no site do STF. Ele também quer que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, seja informado sobre essa nova documentação.

No início de julho, o TCU considerou regular o contrato milionário entre a DNA e o Banco do Brasil. De acordo com o próprio tribunal, em decisão anterior, agora reconsiderada, os desvios haviam sido de R$ 4,4 milhões, sendo R$ 2,92 milhões desviados pelo ex-diretor do BB Henrique Pizzolato.

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Ana Arraes contrariou parecer da área técnica do tribunal

Esse contrato é uma das bases da acusação de Gurgel no processo do mensalão. Conforme o Ministério Público, contratos das empresas de publicidade com órgãos públicos e estatais serviram de garantia e fonte de recursos para financiar o pagamento de mesadas, o mensalão, a políticos aliados do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No TCU, a ministra Ana Arraes sustentou que uma lei de 2010 estabeleceu novas regras para contratação de agências de publicidade pelos órgãos públicos, acabando com as irregularidades detectadas anteriormente pelo próprio tribunal. A área técnica e o Ministério Público haviam emitido pareceres que consideravam irregulares os contratos. Os repasses da publicidade do Banco do Brasil para a DNA são uma das bases da acusação contra Pizzolato no mensalão.