O Circuito Oceânico da Ilha de Santa Catarina chega hoje ao seu último dia de competição no mar de Jurerê. Os 25 veleiros que desde quarta-feira percorrem as águas do Norte da Ilha, içarão suas velhas e se alinharão para as regatas finais. Mas quem veleja sabe que nem só de vento e mar se faz uma regata. É preciso sintonia de equipe, funções claras e bem executadas, e disciplina de marinheiro durante a uma hora em que o barco se move pela natureza e é guiado pelos tripulantes.
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Para quem não está acostumado a velejar, uma das primeiras coisas que chamam a atenção é a quantidade de cabos, também conhecidas como cordas, que chegam de todos os pontos. Nenhuma está enrolada em outra, e todas estão acessíveis para serem “caçadas”- ou amarradas. A organização será a base para a execução das manobras. Com a vela principal estendida, o comandante do Açores III, Paulo Schaefer, solicita.
– Vamos estender a vela genoa.
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O trimmer Leonardo Micheloni inicia a soltar e puxar cordas. Jorge Haberbeck e Irão Costa dos Santos, ambos proeiros, vão a frente do barco e ajudam a estender a vela. Vento de sul/sudeste, barco adernado (inclinado), tripulantes com as pernas para fora do casco ajudando no contra peso e o comandante no timão. Falta apenas um minuto para a largada e soa a corneta de aviso.
Velejar também é um exercício de constante observação. Em uma regata de barla-sota, que são as mais curtas, é preciso identificar as boias e traçar uma linha até elas. Também estar atento aos adversários e demais barcos. Perceber as rajadas de vento estufar a velas dos outros barcos e se preparar para recebê-las em posição.
– Atenção! Vamos cambar – alerta o comandante avisando sobre a troca de direção do barco.
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Nesse momento a retranca, base da vela principal, cruza o convés de lado a lado e é preciso atenção para não ser acertado por ela. Ao mesmo tempo que o barco troca de inclinação em instantes, a tripulação precisa também cruzá-lo no sentindo oposto ao do movimento da retranca e estender as pernas para fora, do outro lado. Tudo ocorre rápido, como se fosse um único movimento, ao som do vento sussurrando nas velas e da águas espirrando sobre o barco.

Ao contornar a última boia, o barco passou a receber o vento de proa era o momento de soltar a vela balão. Mas nem tudo é leveza no veleiro. A vela assim que ficou aberta apanhou o vento e estufou. Puxou com força os cabos, e um deles ainda estava enrolado na vela genoa. O balão estourou.
Os seis tripulantes se agilizaram a recolher a vela que com a força do vento lutava a ficar aberta. Dos Santos e Haberbeck seguravam cordas e pediam para amarrarem outras. Adrenalina e tensão tomaram conta dos tripulantes que só se apaziguaram quando a grande vela estava novamente dobrada e guardada.
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– Bem que se fala que Deus inventou o vento, o mar e duas velas, mas o balão foi obra do diabo – brinca Micheloni depois de três longos minutos.
Novamente o barco estava adernado, tripulantes fazendo o contra-peso a mais de dois metros sobre água que passava veloz abaixo. Vento estufando a vela ruma a linha de chegada.
– Vela é isso, é equipe, é berro, é entrega. Na hora tudo é emoção, depois viram boas histórias – resume Irã dos Santos.
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Campeões serão conhecidos neste sábado
O Açores III está longe das disputas de título da Classe RGS. O Flash Best Fellow, do comandante Leonardo Deboni, está a liderança seguido pelo Argonauta. Mas a classe mais emocionante é a C30. Apenas um ponto separa o primeiro do segundo e terceiro colocados. O Zeus Team, do comandante Inácio Vandressen é líder seguido pelos barcos Katana e Caballo Loco.
Na ORC o Ângela Star VI, de Peter Siemsem deu um grande passo rumo ao título. Os cariocas ampliaram a liderança com duas vitórias e estão próximos do bicampeonato em Florianópolis. Com seis pontos perdidos a equipe está quatro à frente do Itajaí Sailing Team.
A regata final está marcada para às 12h, no de Jurerê, em Florianópolis.