As dores no abdômen do corretor de imóveis Orlando Neves foram o gatilho para uma consulta médica. Uma série de exames dias depois revelou: tinha três tumores malignos no fígado e a proteína produzida no órgão estava superior a 20 mil ng/ml – quase duas mil vezes maior que o quantidade de referência para um adulto.
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Cardíaco e com hepatite, foi levado a Pomerode pelo filho até a casa de Carlos Kennedy Witthoeft, que produzia a fosfoetanolamina sintética, substância usada como tratamento alternativo. Começou em novembro com três cápsulas por dia e quando consultou um oncologista, em dezembro, o informou sobre a decisão:
– Não queria fazer quimioterapia e avisei o médico que não faria o tratamento. Expliquei da fosfo e ele falou que se estava fazendo bem e os exames comprovavam era para continuar. Decidi tomar a fosfo e botei na mão de Deus. Acreditei.
O último exame de Neves, feito no dia 2 de julho, apontou um resultado de 4,71 ng/ml de alfa-fetoproteína – o valor de referência é 10,9 ng/ml – e os tumores diminuíram.
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O Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da Universidade de São Paulo garante que não tem dados sobre a eficácia da fosfoetanolamina sintética no tratamento dos diferentes tipos de câncer em seres humanos, pois não há controle clínico de pacientes que já tomaram a substância e o instituto não possui médicos para orientar e prescrever o uso dela.
Apesar disso, a universidade produz e distribui a fosfoetanolamina sintética mediante decisões judiciais.