Quem encontra Rafaele Vancini Silva pela primeira vez não acredita que ela faz quimioterapia. Afinal, como a própria diz, todo mundo pensa que pessoas em tratamento de câncer não sorriem, estão abatidas e deprimidas. No mundo de Rafa, esse conceito caiu por terra no dia em que recebeu o diagnóstico do câncer de mama. Guiada pela fé, a gasparense de 35 anos decidiu provar que a doença não é motivo para desistir da vida. Recém-mastectomizada e em processo de reconstrução dos seios, ela sorri para a segunda chance recebida.
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A história de Rafa entra para as estatísticas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), que estima 57,1 mil novos casos de câncer de mama em 2015 no Brasil. Ela percebeu algo estranho em março, enquanto brincava com a filha pequena. Coçou o colo e sentiu um caroço no seio esquerdo. Naquela semana foi ao mastologista, que pediu mamografia e ultrassom. Quando o médico solicitou a biópsia, pressentiu problemas. A confirmação veio no mês seguinte: câncer de mama grau 3, o mais agressivo.
– Decidi ir pelo lado do bom humor, do pensamento positivo. As pessoas dizem que quando alguém tem câncer é a família que precisa se manter forte pela pessoa, mas eu discordo. A própria pessoa precisa se manter forte para não deixar todo mundo pra baixo, entende? É uma troca – explica Rafa.
A cirurgia para retirar a mama esquerda foi agendada rapidamente. A parte mais difícil, segundo Rafa, foi tomar a decisão de tirar o outro seio – recomendação do cirurgião plástico, que deu à paciente a opção de fazer o procedimento de reconstrução geral, deixando os seios esteticamente idênticos. As operações foram feitas no mesmo dia. Por enquanto ela usa uma prótese de expansão, que logo será substituída por uma de silicone. A finalização – com reconstrução dos mamilos e tatuagem das auréolas – deve levar mais dois anos.
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A positividade é, de fato, o que mais impressiona. Bonita e vaidosa, Rafa nunca deixou de se maquiar. Para ajudar outras mulheres, Rafa participa de cursos de automaquiagem e ensina amarração de lenços na Rede Feminina de Combate ao Câncer de Blumenau, que hoje atende por mês cerca de 190 pacientes mastectomizadas.
– O que eu não queria era me olhar no espelho e não reconhecer mais quem eu via ali. Acho que é o momento em que você mais precisa se sentir bem, e eu me sinto cada vez mais bonita. A cicatriz é a marca da minha vitória – garante.
O oncologista Sandro Reichow, médico de Rafa, diz que ser otimista perante a luta contra o câncer é extremamente importante:
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– Não existe nenhum dado científico que comprove isso, mas na prática vemos que eles têm uma resposta melhor e apresentam menos sintomas.
Psicóloga e professora da Furb, Catarina Gewehr acredita que enfrentar as adversidades com um olhar positivo ajuda a ter uma vida mais saudável:
– Quando eu tenho uma perspectiva otimista de algo, estou também em uma condição de aproveitar melhor as informações que o mundo me oferece – opina.
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