O novo espetáculo da Companhia de Dança Deborah Colker, intitulado “Sagração”, que celebra os 30 anos de criação do grupo, vai iniciar a turnê no Sul do Brasil. Em Santa Catarina, o grupo se apresenta em Jaraguá do Sul nesta quarta-feira (10), e em Florianópolis, nos dias 13 e 14 do mesmo mês. Para a fundadora da companhia, “essa obra que rompeu a estética musical e da dança, foi criada para ser dançada”.

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Deborah Colker revela ao NSC Total detalhes sobre a carreira, criação da companhia, nova turnê, as inspirações para o espetáculo Sagração e outras nuances de sua vida pessoal e artística em entrevista. Confira:

Deborah, o que te impulsionou nestes 30 anos da Companhia em nunca parar de inovar e se dedicar à dança, ao teatro e à cultura?

Quando eu nasci, já tinha um piano na minha casa, e desde de pequena eu sempre tive vontade de aprender sobre música. Ainda criança, eu jogava vôlei, porque eu tinha muita energia, tanto física quanto de alma. Quando fui apresentada a dança, ela me preenchia em ambos os campos: o da arte e o físico. Antes da companhia, eu trabalhei por 10 anos com dança, teatro, clipes, bandas, televisão, cinema, publicidade… Essa foi a minha escola, aprendi muito sobre liberdade criativa. Foi nesse processo que eu entendi que eu queria e precisava ter uma companhia de dança contemporânea. E esses 30 anos não foram diferentes. Eu e João Elias trabalhamos muito, porque é uma luta diária, e eu acho que isso é essencial, cada dia, cada respiração, cada pessoa. E continuamos apaixonados por esse trabalho e por essa luta, o mais importante é que a gente continua querendo viver essa aventura, que é a de experimentar, de arriscar.

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O que a Sagração representa pra você nesse momento da sua história, como artista, e da vida brasileira e do mundo?

Sagração é um desejo antigo meu. Essa obra, que rompeu a estética musical e da dança, foi criada para ser dançada, por isso, eu sabia que em algum momento eu precisaria realizá-la. Eu queria, através da dança e dessa música tão revolucionária, provocar uma homenagem. Essa obra, então, nasce do desafio de mergulhar na Sagração da Primavera de Stravinsky (1913). Pensadores evolucionistas e mitos de criação de várias cosmovisões indígenas, judaicas e cristãs foram habitando minha mente nessa busca. Eu quis trazer para o Brasil, para nossa floresta, nossa sonoridade.

O que diferencia Sagração dos seus trabalhos anteriores?

Essa obra fecha uma trilogia composta por Cura, Cão Sem Plumas e Sagração. São espetáculos que passam por experiências humanas. Primeiro, em Cão Sem Plumas, mostrando a tragédia e a riqueza da população ribeirinha e o descaso das elites, depois, falando sobre a cura do que não tem cura e fazendo uma ponte entre a fé e a ciência. Já em Sagração, minha ideia foi sagrar e celebrar os caminhos evolutivos da humanidade, e trazer um olhar sobre nossos povos originários, nossa cultura, mas sempre seguindo meu timoneiro Stravinsky nessa aventura.

Este espetáculo vai viajar o Brasil todo. Ele vai para o exterior?

Estamos finalizando as negociações para levar Cão Sem Plumas ainda esse ano para o México, Colômbia e Equador. Quanto à Sagração, estamos iniciando nossa turnê nacional e devemos começar a viajar para fora a partir do final de 2025.

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Na sua opinião, como Stravinsky olharia para a Deborah e falaria sobre sua ousadia de colocar a obra dele a serviço dos povos indígenas e a ancestralidade brasileira ?

Olha… ele não veio puxar meu pé até agora, então eu acho que ele pode ter ficado contente. Junto ao Alexandre Elias, diretor musical de Sagração, eu mordi, mastiguei, comi, salivei e cuspi Stravinsky. Estudei muito essa obra. Vi que teve influências da música pagã, folk, primitiva. Fiz o mesmo percurso, mas aqui no Brasil, viajei para o Xingu, Maranhão, e busquei ali referências nos elementos da floresta e na nossa ancestralidade.

Florianópolis sempre prestigia seus espetáculos. Qual a sua expectativa de trazer Sagração para o público daqui?

Ter a possibilidade de levar Sagração a uma cidade tão querida pela companhia é incrível. Somos sempre extremamente bem recebidos pelo povo que gosta de cultura. Floripa só traz grandes lembranças! E estou ansiosa para compartilhar o novo espetáculo com o público daí, já levamos várias obras e gostaríamos de voltar sempre.

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Você está feliz com toda a dedicação feita para montar Sagração?

Estou feliz, claro. Mas a verdade é que eu estou sempre ansiosa e insegura também. Cada espetáculo que eu faço, mesmo premiado e de sucesso, cada dia é um dia, cada público é um público, e eu fico ali querendo sempre que tudo dê certo. É um espetáculo intenso para os bailarinos, então a minha expectativa é sempre alta. Mas eu fico nervosa há 30 anos, já estou acostumada (risos). O que me acalma é que eu faço tudo com muita disciplina, estudo e cuidado. Então sim, neste momento, me sinto muito feliz com Sagração. Não sei amanhã (risos). Gosto muito de mudar e evoluir minhas obras, até porque a inquietude faz parte desse trabalho.

Veja fotos de coreografias da Companhia Deborah Colker

Os ingressos para as apresentações em Jaraguá do Sul estão disponíveis para compra através do site www.eticketcenter.com.br , enquanto para os espetáculos em Florianópolis, podem ser adquiridos pelo www.diskingressos.com.br. Há opções de ingressos populares com cotas limitadas em ambas as cidades.

SERVIÇO

  • 10/04 – JARAGUÁ DO SUL – Teatro SCAR – 20h
  • 13 e 14/04 – FLORIANÓPOLIS – Teatro Ademir Rosa (CIC) – 21h
  • Faixa Etária: A PARTIR DE 10 ANOS
  • Duração: 70 MINUTOS (sem intervalo)
  • Acessibilidade: LOCAL ACESSÍVEL PARA CADEIRANTES (ambos os teatros)

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Os ingressos podem ser adquiridos com desconto para sócios do Clube NSC.

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