A dramaturgia encontra na dança uma forma de dizer, sem uma só palavra, o que Aleksandr Púchkin romanceou em oito capítulos de Evguêni Oniéguin. Será essa literatura que arrebatou a coreógrafa Deborah Colker a ponto de, pela primeira vez, transpor uma narrativa linear para os palcos, a anfitriã da Noite de Abertura do 29º Festival de Dança de Joinville. O nome dado à adaptação é Tatyana o terceiro espetáculo da da Cia. Deborah Colker a figurar em uma noite especial.

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Deborah não esteve só nesta empreitada. Junto a ela trabalharam um consultor literário, um preparador teatral, cinco professores de balé e um extra de dança contemporânea. A produção teve pré-estreia no Festival de Teatro de Curitiba e passou por temporada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Na adaptação, apenas quatro personagens de “Evguêni Oniéguin” transitam pelo palco. Cada um deles é representado por, no mínimo, quatro bailarinos, o que os enriquecem com corpos e feições diferentes, dado ao tempo e experiência que as criaturas de Púchkin conquistam na narrativa.

– Em ?Tatyana?, eu fui atrás dos cinco sentidos, algo que mexesse com as minhas vísceras -, diz a coreógrafa e diretora da companhia.

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– Neste trabalho, eu promovi um encontro com a dança de uma forma que nunca tinha acontecido antes.

Olga, Tatyana, Oniéguin e Lenski protagonizam os dois atos do espetáculo, embora Olga e Lenski saiam de cena ainda na primeira parte da apresentação. O inusitado em “Tatyana” é a aparição do autor, interpretado pela própria Deborah, como personagem atuante do espetáculo. Púchkin surge na história interagindo com as ações, desejos e pensamentos dos protagonistas da obra-prima do século 19.

– Coloquei o autor na trama porque no livro ele interfere o tempo todo na narrativa, a ponto de, muitas vezes, não sabermos quem é Púchkin e quem é Oniéguin -, justifica Deborah.

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Na história de amor, mas principalmente de transformação das pessoas, Oniéguin, um aristocrata, encanta as irmãs Tatyana e Olga, causando ciúme no poeta Lenski. Os dois cavalheiros travam um duelo, no qual Lenski morre. Anos depois, Oniéguin e Tatyana se reencontram e os papéis se invertem. O cenário de “Tatyana”, assinado por Gringo Cardia, é uma atração à parte. Uma grande árvore metálica de 6,5 metros revestida de madeira compõe o primeiro ato do espetáculo, representando a vida no campo. Na segunda parte, quando entra em cena a vida urbana, telas projetam linhas em computação gráfica.

MAIS

O QUÊ: espetáculo “Tatyana”, da Cia. Deborah Colker.

QUANDO: quarta-feira, às 20 horas.

ONDE: Centreventos Cau Hansen, avenida José Vieira, 315, América, Joinville.

QUANTO: ingressos esgotados.

Confira vídeo e leia mais informações sobre a Noite de Abertura no Blog do Anexo.