Em 2002, Luiz Henrique da Silveira lançou-se pelo Estado defendendo um projeto inédito de governo. Pregava que o poder deveria ser desconcentrado através da criação de Secretarias de Desenvolvimento Regional, com equipe técnica, orçamento e um conselho que definisse onde o dinheiro deveria ser investido. Seu projeto acabou sendo vitorioso no pleito daquele ano e foi implantado a partir de 2003. Com a mesma proposta, que sofreu algumas alterações ao longo do primeiro governo, foi reeleito em 2006.

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Quem viveu os governos de Luiz Henrique viu a contribuição que a descentralização levou a regiões mais distantes da Capital. Na regional de Caçador, por exemplo, onde fui secretário em 2003, dos sete municípios, apenas três (Caçador, Lebon Régis e Rio das Antas) possuíam ligação rodoviária com pavimentação asfáltica. Timbó Grande, Macieira, Calmon e Matos Costa não tinham acesso por nenhuma rodovia asfaltada. Eram 54 municípios no Estado sem pavimentação. Com a descentralização, esse quadro mudou e, hoje, todos possuem pelo menos um acesso pavimentado. No campo administrativo, é inegável a contribuição do modelo para o desenvolvimento de regiões mais pobres. No campo político, foi responsável por pelo menos três eleições de governador.

Mas, nos últimos tempos, as regionais estão se esvaziando. Perderam o status de secretaria e se transformaram em agências de desenvolvimento. Tiveram suas ações e atribuições reduzidas e ficaram sem orçamento. Os discursos estão transformando as regionais na “Geni” da administração estadual, apontando que seus gastos estão muito além da sua produção para a população. Não há dúvida de que, desta forma, estão com os dias contados. Entendo que seu papel deve ser rediscutido com a sociedade. Da forma que estão, sem orçamento e sem autonomia, não faz sentido continuarem. Mas também, o poder e o dinheiro concentrados apenas no litoral não podem continuar. Esse modelo já se mostrou ineficiente. É preciso que o governo esteja próximo do cidadão. Qual o novo modelo para que o interior não volte a ser abandonado pela administração como viveu ao longo dos anos?

* Valdir Cobalchini é deputado estadual pelo PMDB e presidente da Comissão de Turismo e Meio Ambiente

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