Ao fazer a experiência de caminhar pelo Centro de Joinville em pleno feriado de Tiradentes, a jornalista Natália Garcia, especializada em planejamento urbano, encontrou uma cidade que considerou incrível. Encontrou passeios de pedestres, ciclovias e vários espaços públicos.
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Porém, sentiu falta do principal: as pessoas. Não havia ninguém no banco da praça, caminhando ou pedalando. Uma das poucas pessoas que passou por ela foi um traficante que ofereceu drogas. O que falta, então? Que mudanças podem ser promovidas?
Com o objetivo de responder a essas perguntas, pensando em sustentabilidade, meio ambiente e mobilidade, especialistas da área e empresários se reuniram ontem no 6o Simpósio de Sustentabilidade do Núcleo de Gestão Ambiental da Associação Empresarial de Joinville (Acij). Natália, que foi uma das palestrantes, trouxe exemplos do Projeto Cidades para Pessoas.
São ideias desenvolvidas em 12 países que ela percorreu. Os exemplos, na maioria de países desenvolvidos, estimularam a interação social e não dependeram apenas da iniciativa da Prefeitura. Surgiram de pequenos grupos organizados, universidades, entidades ou empresas.
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– Se as pessoas estão procurando lazer em outro lugar é porque algo de errado está acontecendo. Espero que essa oportunidade de conversar sobre as cidades que queremos sirva para a gente começar a experimentar quais são as opções e vocações de onde vivemos. – avaliou a jornalista.
Cidade paranaense como referência
Mas não é preciso ir muito longe para notar que o envolvimento da sociedade na promoção de mudanças pode dar certo. O engenheiro Silvio Barros apresentou o exemplo de Maringá (PR), cidade da qual também foi prefeito por dois mandatos. O projeto Repensando Maringá começou há 20 anos por um grupo de entidades empresariais que se organizou e fez por conta uma proposta pensando em 2020.
Segundo Silvio, o projeto foi elaborado com apoio de uma consultoria especializada e com base no que a sociedade queria para o futuro. O grupo passou a apresentar as propostas aos candidatos à prefeito. A intenção era desenvolver os projetos sem interrupções e independentes de gestão. Alguns prefeitos que surgiram pelo meio do caminho não gostaram de dividir o poder, porém não conseguiram se desvincular da sociedade organizacional.
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– Para dar certo, depende muito da capacidade das pessoas de se dedicarem ao coletivo – destacou.
Uma lista foi deixada na saída do evento para que os interessados em promover mudanças assinem e participem, já que Joinville é um dos seis municípios escolhidos pela Câmara Brasileira de Indústria da Construção (CBIC) para integrar o Projeto Cidades Sustentáveis.