Um público formado principalmente por jovens lotou o plenário da Câmara de Vereadores nesta terça-feira à noite para discutir o projeto que quer reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos. O evento faz parte de um ciclo de discussões do governo do Estado que ocorre nesta semana em outras cinco cidades de SC.
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Antes do posicionamento da plateia, o debate teve a participação de dois palestrantes com opiniões divergentes em relação à mudança. O primeiro foi o oficial de Justiça e professor de Direito Constitucional da Furb Ricardo Alba, a favor da redução. Para ele a Constituição Federal e o Código Penal estão em descompasso com a realidade:
– Os jovens sabem o que fazem, têm direitos e responsabilidades. Não é correto atribuir a ausência de escolaridade à criminalidade. Se fosse assim nossos avós semianalfabetos seriam criminosos e pessoas letradas não cometeriam crimes.
Ele defendeu medidas mais duras contra os jovens de 16 e 17 anos e afirmou que é possível reduzir a maioridade por meio de emenda constitucional.
O coordenador da Comissão de Segurança Pública da OAB de Blumenau, Rodrigo Fernando Novelli, discorda. Segundo ele, apesar de não estar nos artigos cinco e seis da Constituição, a maioridade penal pode ser entendida como cláusula pétrea (que não pode ser alterada de nenhuma forma) se considerada de maneira implícita como um direito fundamental.
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– O sistema carcerário no Brasil está falido. O Estado precisa investir em segurança. A resolução dos problemas depende de educação – defendeu.
Cerca de 15 pessoas da plateia também falaram e a maioria se posicionou contra a redução, cobrando do Estado o cumprimento de políticas para os jovens. Uma delas foi Camila Gonzaga da Luz, do Instituto Catarinense de Juventude:
– A redução abre brechas pra que o Estado não cumpra seu compromisso com a vida da juventude. José Galdino, do Movimento Brasil Livre, um dos únicos a defender a redução, citou um roubo no qual foi vítima:
– Naquela noite a minha vida, um direito meu, poderia ter sido tirada.