Uma semana, muitas conclusões e um grande desafio: mudar o estilo de jogo do Avaí. Convidado do Debate Diário desta quinta-feira, o técnico Geninho falou sobre seu começo de trabalho na Ressacada e sobre as chances de acesso à Série A. Com a sinceridade habitual, criticou o futebol feio jogado atualmente no Brasil: “O 7 a 1 fez com que o futebol brasileiro não servisse para mais nada. Concordo que tem de reciclar, que tem de ir lá fora aprender alguma coisa. Só que eu acho que a gente começou a copiar coisa errada. Hoje a gente está jogando como o ferrolho italiano.”
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Se depender de Geninho, o Avaí que jogava na espera, pelo erro do adversário, acabou. Não que o time vá deixar de marcar, mas a postura será diferente. “Para usar um termo chulo, o Avaí jogava com a bunda dentro da área”.
Geninho avalia que o trabalho começa com base melhor do que em 2014, quando conseguiu o acesso à Série B. E pensa alto: “Se eu tentar ficar em quarto e escorregar, fico em quinto e não entro. Se eu pensar em ser campeão, se eu escorregar e for segundo eu subo.”
Essa ousadia Geninho quer ver nos pés de jogadores mais habilidosos, como Luanzinho. “Pegou a bola, balança, vai pra cima do cara e tenta. Você tenta uma, tenta duas, na terceira vai para o gol ou é cal.” O garoto deverá ter liberdade para jogar. ”Se der uma função específica ao Luanzinho vai matar um talento. Se jogar com ele aberto e der função de acompanhar o lateral, vai sacrificar um talento. Ele pode até jogar aberto, mas com liberdade para entrar. Ou jogar por dentro, com liberdade para abrir. Pega o campo, o lado esquerdo, e faz o que quer. Um jogador dessa qualidade não pode ficar no futebolzinho pragmático. Ele tem que pegar a bola e ir para dentro.”
A posse de bola é fundamental, desde que com eficiência. “O que não gosto é de toque de bola improdutivo. O giro da bola, da esquerda para a direita, da direita para a esquerda, ajuda a desarrumar (o adversário). Mas a hora que aparecer uma brechinha, arrisca. O erro faz parte da profissão. Não pode ter erro de errar. Viu um buraquinho, tenta enfiar a bola”, instiga. ”Outra coisa: não adianta jogar pela lateral, levantar a cabeça e tem só um cara dentro área, e três para marcar o infeliz.”
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Na defesa, uma das preocupações é a bola aérea. “Não temos um time alto. É um problema grave que o Avaí tem. Os dois zagueiros, o Betão e o Alemão, são bons na bola aérea, mas por aí todo mundo tem zagueiro de 1m90cm”. Essa é uma das razões da provável entrada de Airton como terceiro zagueiro. “Não precisa ganhar o cabeceio. Se subir junto, se tiver o toque, quem subir não vai encaixar como encaixou.”
O técnico acredita que seis ou sete times vão brigar pelo acesso, o Avaí entre eles. E aponta o rival Figueirense como um dos postulantes. “Vem se arrumando desde o ano passado. É candidato a subir”. Geninho citou ainda Coritiba (“pelo nome e pela força; pode começar mal, arrumar o time e brigar, não vai ficar acomodado”), Fortaleza (“está com uma estrutura muito boa”), Goiás e Atlético Goianiense.
Prestes a completar 70 anos, Geninho contesta qualquer insinuação de que esteja defasado. “Fui campeão brasileiro em 2001 pelo Atlético-PR usando três zagueiros. Sentei com Felipão e falei que ele tinha de puxar o Edmilson (para a zaga) senão ia morrer com Cafu e Roberto Carlos. Consegui levar o Goiás para Libertadores, fomos terceiro lugar no Brasileiro, com três zagueiros. Agora vejo todo mundo jogar com três zagueiros. Será que estou desatualizado? Daqui a pouco vai se jogar de novo no 4-3-3, até no 4-2-4, no 4-4-2. O que não pode é o 4-4-1.É brabo.”
Geninho acrescenta que, sem alarde, também visita clubes europeus em busca do melhor. Para ele, o Brasil tem copiado os exemplos errados. E, para piorar, há os exemplos caseiros: “Outro grande problema foi o Corinthians ser campeão jogando do jeito que jogava. Como em futebol, tudo se copia…Outro grande problema foi o Corinthians ser campeão jogando do jeito que jogava. Como em futebol, tudo se copia…”
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Ouça o Debate Diário, com Roberto Alves, Rodrigo Faraco, Chico Lins, Paulo Branchi e Salles Júnior e a participação especial de Geninho.