No primeiro debate entre candidatos à Presidência da República nas Eleições 2022, neste domingo (28), os líderes nas pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), tiveram embates diretos. Primeiro com a pergunta sobre corrupção e, depois, com relação ao auxílio emergencial.

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No primeiro bloco, Bolsonaro perguntou a Lula se ele queria voltar ao poder para “continuar a corrupção na Petrobras”. Lula respondeu: “Era preciso ser ele a me perguntar, e eu sabia que essa pergunta viria”. Na sequência, o petista citou medidas anticorrupção e de transparência do seu governo.

Bolsonaro citou, então, a delação de Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil com Lula, e disse que o governo petista foi feito “a base de roubo”. “Seu governo foi o mais corrupto da história.”

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Lula, por sua vez, não rebateu diretamente à crítica e afirmou que seu governo foi o que gerou mais empregos, inclusão, investimento na educação e lucro para a Petrobras. Citou ainda o menor desmatamento na Amazônia e o reassentamento de terras. “O país que eu deixei é um país que o povo tem saudade”, disse o ex-presidente, acusando Bolsonaro de “destruir o país” e “inventar números”.

Além dos líderes das pesquisas de intenção de voto, participam do debate Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Luiz Felipe d’Avila (Novo) e Soraya Thronicke (União Brasil), de partidos com representantes na Câmara.

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Em pergunta sobre como manter o auxílio emergencial a R$ 600, Lula e Bolsonaro acusaram um ao outro de mentir. Os dois se comprometeram a manter o valor no ano que vem e afirmaram ser possível arcar com esse custo. “A manutenção dos R$ 600 não está na LDO [lei de diretrizes orçamentárias]. Existe uma mentira no ar. A bancada do PT votou favorável”, disse Lula. “O candidato adora citar números absurdos que nem ele acredita.” 

Bolsonaro, então, afirmou que a bancada petista votou contra. “Está no teu DNA, mentir e inventar números. […] “Por que o PT não aumentou o Bolsa Família? Pagava uma miséria, porque só queria votos”.

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Agenda dos candidatos ao governo de SC: confira programação de segunda-feira

O debate, organizado em pool por Folha, UOL e TVs Bandeirantes e Cultura, quase ficou sem seus protagonistas. Bolsonaro vinha repetindo que só participaria de eventos do tipo em eventual segundo turno, enquanto Lula, ao antecipar problemas de agenda, chegou a sugerir que as emissoras se organizassem em pool de órgãos de imprensa para os debates, o que ocorreu com o consórcio.

De acordo com a pesquisa Datafolha mais recente, realizada de 16 a 18 de agosto, o petista aparece à frente, com 47% das intenções de voto, contra 32% do atual presidente. Assim, a distância entre os candidatos, que já foi de 21 pontos percentuais, em julho, agora é de 15.

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Tebet, ex-CPI da Covid, parte para cima de Bolsonaro sobre ações na pandemia

Simone Tebet, presidenciável do MDB, se tornou uma das principais críticas a Jair Bolsonaro no debate. “Não vi o presidente da República pegar a moto dele e entrar em um hospital para abraçar uma mãe”, disse ela, lembrando sua participação na CPI da Covid e as suspeitas de corrupção em compras de vacinas.

Ela também criticou Bolsonaro ao prometer respeito à Constituição e aos Poderes. “Temos radicalizaçãoe desarmonia em função de termos um presidente que ameaça a democracia a todo o momento, não respeita a impressa livre, a independência do Supremo, do Poder Judiciário e do Legislativo. Precisamos trocar o presidente da República”, disse.

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O que pensam os principais candidatos de SC ao Senado

Bolsonaro é questionado sobre fome e relativiza dados

O candidato Ciro Gomes questionou Bolsonaro sobre a situação da fome no Brasil. No debate, Ciro perguntou se o presidente não estava sendo conivente com a fome de milhões de brasileiros. Bolsonaro voltou a questionar os dados apresentados sobre a insegurança alimentar.

Há dois meses, o país soube que 33 milhões de pessoas passam fome no Brasil, segundo apontou a nova edição do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, da Rede Penssan – um patamar semelhante ao que havia sido registrado há três décadas.

Lula e Ciro trocam farpas após petista fazer afago inicial a pedetista

Em pergunta sobre a união da esquerda, Lula afirmou ter respeito por Ciro Gomes. “Sou grato ao Ciro, que esteve no governo comigo, em 2003 a 2006. Ele resolveu não estar conosco, sair com candidatura própria é direito dele”, disse.

O pedetista, no entanto, afirmou que “Lula se deixou corromper” e atribui a agressividade do clima político também ao PT. Ele afirmou que o ex-presidente é um “é encantador de serpentes” e o responsabilizou por crise econômica. “Você sabe que está dizendo inverdades a meu respeito. […] Eu não fui para Paris. Eu fui absolvido nos 26 processos”, rebateu Lula.

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Bolsonaro ataca jornalista Vera Magalhães e Tebet e diz que são uma vergonha

O presidente Bolsonaro atacou a jornalista da TV Cultura Vera Magalhães, que o questionou sobre vacinação. “Acho que você dorme pensando em mim, você não pode tomar partido num debate como esse. Você é uma vergonha para o jornalismo”, disse Bolsonaro exaltado.

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Simone Tebet saiu em defesa da jornalista e acusou o presidente de atacar mulheres. Bolsonaro, então, passou a mirar Tebet. “A senhora é uma vergonha para o Senado, não vem com essa historinha de que eu ataco mulheres, de se vitimizar.”

Tebet pergunta a Bolsonaro se ele tem raiva das mulheres

Em embate direto com Bolsonaro, Simone Tebet perguntou “por que tanta raiva das mulheres”. 

Bolsonaro afirmou que as mulheres não devem ser defendidas só por serem mulheres e citou a primeira-dama Michelle Bolsonaro, a quem tem usado para atingir o eleitorado feminino. “Me acusa sem prova nenhuma. […] Fui o governo que mais sancionou leis pelas mulheres. […] Não cola mais. […] Chega de vitimismo, somos todos iguais”, disse. “Faz política, fala coisa séria, não fica aqui fazendo mimimi”, completou. 

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Tebet respondeu que Bolsonaro destila ódio e é uma fábrica de fake news. “Lugar da Presidência é lugar de exemplo, de coisa séria.” Bolsonaro, então defendeu uma agenda conservadora: a favor da propriedade privada, contra aborto e contra liberação das drogas.

*Reportagem de Carolina Linhares e Victoria Azevedo.

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