Há cerca de 10 anos, João Neto deixou São José, com 400 euros nas mãos, e foi morar em Portugal. Depois de batalhar na Europa, ele acabou largando um emprego de vendedor de porta em porta de telefones na Portugal Telecom para construir, no país de origem, a segunda maior empresa de crédito consignado do país.
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A Fontes Promotora de Crédito, com sede em Florianópolis, cresceu de 2014 para 2015 nada menos que 95%. É evidente que ter uma empresa que oferece dinheiro em tempos de crise é quase como vender água no deserto. Mas o crescimento alto, de até três dígitos percentuais, ocorre pelo menos desde 2011, ou seja, antes de as coisas ficarem realmente feias no Brasil.
Empresários otimistas e atentos à gestão de pessoas crescem mais
Ter alta lucratividade por vários anos não é para qualquer um. Há um nome específico para isso: empreendedor de alto impacto. João tem pelo menos três das características comuns a esse grupo, de acordo com pesquisa Endeavor: sonha alto, é otimista e se preocupa muito com gestão de pessoas. Sem ensino superior, boa parte do que aprendeu foi na prática.
— Sou formado em vendas de porta em porta. Tudo que aprendi lá na Portugal Telecom apliquei na Fontes em uma época em que isso ainda não era comum nesse setor de consignado — conta.
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Quando bateu a saudade do Brasil, voltou e deu alguns tropeços com empresas anteriores, até fundar a Fortes. Coisas simples aprendidas no outro país, como panfletar, ir a cafés de empresas para apresentar produtos aos funcionários e montar estandes em locais estratégicos, fizeram a empresa nadar de braçada em Santa Catarina. Assim que se firmou aqui, foi para outros Estados. Hoje, aos oito anos, está presente em 17 unidades da federação.
Outro aprendizado é o investimento em treinamentos e em um bom plano de participação nos lucros para os 700 funcionários.
— Quando vi meus colegas portugueses ganhando prêmios de mil euros por desempenho, uma fortuna para mim na época, defini que o próximo a receber seria eu — conta.
Com ele, outros dois sócios participam do empreendimento, Arthur Oliveira e Felipe Corá. Além do crédito consignado, seu principal produto, eles passaram a apostar em outros como crédito pessoal, consórcios, refinanciamentos imobiliários e de veículos, seguros e consultoria.
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Pode parecer história de gente com pelo menos cinco décadas de vida, mas João tem só 32 anos. Até onde quer chegar? Vai ser um banqueiro daqui a dez anos?
— Olha, penso que sim. Estamos pedindo autorização para abrir uma financeira, o último passo antes de virarmos um banco — diz com naturalidade.