O Hemerson Maria que entrou pela porta da sala de imprensa do CT do Morro do Meio na manhã desta sexta-feira não lembra quase nada do treinador que, há pouco mais de um ano, deu sua primeira entrevista coletiva como novo técnico do Joinville no mesmo lugar. Em vez do olhar desconfiado, um sorriso de tranquilidade acompanhou a maior parte das respostas durante o encontro de quase 30 minutos. Mas não se engane. O estilo trabalhador não mudou nem um pouco. Por isso, ele quer ver o time vencendo ainda mais em 2015.

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Depois de evitar comparar o elenco do Tricolor de 2014 com o de 2015 – porque considerou a proposta “deselegante” -, o treinador falou sobre todos os temas que foram propostos: as metas para a temporada, o aproveitamento das categorias de base, a ausência do Joinville na Copa São Paulo, a saída de Ramon da comissão técnica e até mesmo sobre a tão sonhada dupla de ataque que a torcida tricolor já imagina, com Rafael Costa e Jael.

Definições no time

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Nesta sábado, às 10 horas, o treinador terá a primeira “missão” do ano. No CT do Caju, em Curitiba, o JEC enfrenta o time sub-23 do Atlético-PR. Apesar de o duelo não valer nada, além da possibilidade de analisar a equipe em uma situação de jogo, o treinador sabe que não pode decepcionar. Agradar à exigente torcida joinvilense nem sempre é uma tarefa fácil.

O time titular já está desenhado em sua cabeça. Mantendo a espinha dorsal da equipe campeã da Série B, o Joinville deve ir a campo com Ivan; Luís Felipe, Bruno Aguiar, Gutti e Rogério; Naldo, Anselmo, Marcelo Costa e Eduardo; Fabinho e Fernando Viana.

Por mais contraditório que possa parecer para um time que acabou de ser campeão, o técnico vai ter trabalho para montar o JEC para o Estadual, já que fora desta equipe ainda estão Wellington Saci, Jael e Rafael Costa. Mas que esta “dor de cabeça” não tire do rosto do treinador esse sorriso que enche a torcida de esperança para os desafios que estão por vir.

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Confira os principais trechos da entrevista com o treinador

Sem comparações

“Não gostaria de fazer comparação (com o elenco de 2014), até porque não gostaria de gerar expectativa para o torcedor. E também para não desprestigiar os jogadores que foram campeões com o Joinville. Seria deselegante da minha parte falar que a reposição foi para melhor. Se foi para melhor ou para pior, só o tempo vai dizer. Vamos aguardar um pouco para depois fazer uma avaliação mais consciente.”

Jael e Rafael Costa?

“Vai depender do dia a dia, do rendimento. Temos o Fernando Viana também, que não pode ser descartado, o Fabinho, o Bruno Furlan. A expectativa é de termos um time competitivo, determinado e disciplinado taticamente. Vamos aguardar o Jael, que ainda não está oficializado. Mas, dentro daquilo que for apresentado, podemos utilizar dois jogadores de área. Primeiro, vamos aguardar o desenvolvimento dos amistosos. E o Jael também ainda não está pronto, está em fase final de recuperação. Aprendi no futebol que não adianta gastar energia com uma situação que não se pode resolver no momento.”

Atletas da base

“Vejo que o trabalho do Joinville está evoluindo, mas é inadmissível o time estar fora da Copa São Paulo. Foi feito todo esforço para o Joinville estar lá, mas não esteve porque não atingiu o ranqueamento e não foi um dos indicados pela Federação (Catarinense de Futebol). Este ano vai ter Copa do Brasil sub-20, sub-17, um Campeonato Brasileiro Sub-20. Temos que dar rodagem para esses garotos. É preciso que o Joinville melhore ainda mais o trabalho de base, dispute competições no âmbito nacional. No Figueirense, também foi assim. Só começou a participar de competições quando entrou na Série A. Os garotos que subiram têm bastante potencial, mas é prematuro dizer que esse ou aquele vai ser titular ou que vai se destacar neste ano.”

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Espinha dorsal

“Vejo que isso (manter a base de jogadores de 2014) é importante, mas não determinante. O que passou, passou. Temos que tirar a roupa de campeão, guardar no armário, conservar bonitinha, mas temos que esquecer. A partir do jogo contra o Atlético-PR, o torcedor vai querer resultado, pois é muito exigente. Eternizamos aquele momento. Vai ser muito difícil uma equipe do porte do Joinville ser campeã da Série B. Foi um feito gigantesco, mas agora temos que traçar novas metas. Nós procuramos colocar isso na cabeça dos atletas: vamos sempre mirar o mais alto, que é buscar o título do Catarinense, uma boa campanha na Copa do Brasil e no Campeonato Brasileiro.

Saci: meia ou lateral?

Se fizer um estudo, vai se ver que 46% das equipes que têm a melhor defesa vencem campeonatos. Levando para o Brasileirão, o Joinville não vai ter o melhor ataque. É utopia. Então, temos que ter equipe muito bem equilibrada defensivamente. O ponto forte do Saci é o ataque, do meio para a frente, tanto que foi eleito melhor jogador do Catarinense nessa posição. Nossa ideia é utilizá-lo no meio. Ele vai ter que disputar a posição, reconquistar o seu espaço, mas não está descartada a ideia de usar ele como lateral em alguns jogos. Nós temos um elenco muito versátil, em que diversos jogadores podem desempenhar mais de uma função.

A saída de Ramon

Eu fui pego de surpresa. Ele é muito reservado, então segurou essa informação até o último momento. De maneira muito ética, comunicou ao presidente e só depois nós soubemos. Não teve nenhuma conversa para demovê-lo da ideia. Ramon é uma pessoa inteligentíssima e muito segura do que quer. Ele pensou durante as férias e a decisão estava tomada. Eu também já tive que tomar essa decisão. Estava há dez anos no Figueirense e recebi proposta do Avaí. Eu vi que não teria mais espaço para crescimento no Figueirense. No Avaí, sabia que poderia crescer e fiz a escolha. Se não tivesse tomado essa decisão, poderia estar até hoje no sub-20 do Figueirense. O Ramon está preparado, é uma grande pessoa e vai ter muito sucesso. Ele se preparou muito bem e tem experiência dos 20 e poucos anos de carreira. Lamento que não vou ter ele ao meu lado, eu já estava acostumado. Foi uma grande perda, mas temos que dar seguimento.

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Campeonato Catarinense

“É um dos mais competitivos do Brasil. Tem um apelo regional muito forte. Vejo o Figueirense muito bem, manteve a sua base e está reforçando. O JEC também manteve sua base e trouxemos jogadores para agregar valores. Vejo o Avaí como um forte concorrente. Vejo o Criciúma com um grupo jovem, de qualidade e com a tradição do Criciúma. E sempre aparece uma ou duas surpresas no Catarinense. Não tem jogo fácil. Todo jogo é clássico regional. Vamos traçar metas curtas. A meta inicial é fazer uma boa preparação para começar bem contra o Avaí. Depois, conseguir a pontuação necessária pra estar no hexagonal. A partir desse momento, buscar a vaga entre os finalistas.”

Metas para 2015

“Seria bom se 2014 não tivesse acabado e continuasse em 2015, mas não é assim. Temos que partir em busca de novos desafios. Temos que ir buscar o título do Catarinense. Só temos que pensar lá na frente no Campeonato Brasileiro, mas, se mirarmos na possibilidade de nos livrarmos do rebaixamento, a gente corre o risco de errar e ser rebaixado. Então, temos que mirar alto. Para que isso aconteça, é preciso de muito trabalho, muita concentração.”