Edson Luiz Gadotti tinha pedido demissão da empresa em que trabalhava em busca de novas oportunidades em Joinville. Naquele 26 de junho de 2016, a rotina seguia normal: o homem almoçou com a esposa, Juliana Gadotti, e saiu para levar a filha na escola. Mas, foi à última vez que a família vivenciou esse cotidiano. Edson foi morto em uma agência bancária, no Distrito de Pirabeiraba, após um desentendimento com um vigilante.
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Quase três anos após o assassinato, a família ainda espera por respostas. O crime aconteceu por volta das 16 horas. Como o banco havia acabado de fechar, Edson e o vigia, Felipe Gonçalves Leal, se desentenderam porque o cliente queria entrar e trocar um cheque. Depois da desavença, o vigia disparou três vezes contra a vítima, que morreu no local.
— A gente espera Justiça, mas ela não acontece. É triste, estamos passando por muita dor ainda, já se passaram três anos e ele (acusado) está em liberdade. Queremos que logo ele pague pelo que fez — desabafa Juliana Gadotti, esposa da vítima, em entrevista ao Fantástico.
A morte de Edson foi retratada em reportagem na edição deste fim de semana. Juliana explica que a demora no julgamento do caso traz tristeza à família, principalmente porque precisa ficar revivendo o caso já que não houve um desfecho. O processo está pronto para ser designado o júri popular, mas ainda não há data agendada.
A esposa ainda relembra que no dia do crime os dois combinaram de buscar a filha na escola. Como o marido não retornava, Juliana mandou uma mensagem para ele, por volta das 16h15. No entanto, não houve resposta. Algum tempo depois, a autoescola em que ele trabalhava entrou em contato com Juliana pedindo o telefone da mãe de Edson.
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— Aí eu perguntei para a pessoa que ligou: o Edson está aí? E eles desligaram. Cinco minutos depois me retornaram pedindo para eu ir lá. Ali eu já sabia que tinha alguma coisa errada — relembra.

Juliana conta que pensava que o marido havia sofrido um acidente de moto, não passou pela cabeça da mulher de que Edson poderia ter sido morto de forma violenta. A notícia foi dada à ela pelo cunhado. Foi então que soube que o homem tinha sido baleado dentro de um banco.
— A sensação que a gente tem é de que nada daquilo é verdade e que você não está vivendo aquela realidade.
O cunhado a levou até a agência e, quando a mulher viu o corpo de Edson, queria acordá-lo porque ainda não acreditava na morte. Juliana entrou em estado de choque e precisou ser amparada por familiares. Ao longo dos três anos que se passaram desde o crime, ela conta que nem a agência e nem a empresa responsável pela segurança do banco entraram em contato.
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— Dois meses depois, era dia dos pais. Fui buscar a minha filha na escola e ela veio com o presentinho para o Edson nas mãos. São coisas que eu vivi com ela e só nos sabemos como é difícil, como a dor é muito grande. De repente ficou um vazio e a família incompleta — completa Juliana.
Morte ao tentar trocar um cheque
No dia do crime, Edson tentava entrar em uma agência bancária, no Distrito de Pirabeiraba, para descontar um cheque, mas o banco havia acabado de fechar. Em discussão com o vigia, o cliente insistia para ser atendido. Durante o desentendimento, o vigia Felipe sacou um revolver calibre .38 e disparou uma vez contra a vítima, quebrando parte do vidro do banco.
Depois, o vigilante ainda se aproximou da vítima e lhe desferiu outros dois disparos nas costas, ferimentos que lhe causaram a morte. A denúncia do Ministério Público apontou que o motivo da morte foi fútil, já que o acusado matou a vítima pelo de que ela insistia em entrar, após o horário, no setor de atendimento pessoal da agência para descontar um cheque.
À época, o vigilante confundiu Edson com um assaltante e atirou contra a vítima na entrada de uma agência de cooperativa de crédito. Felipe acreditou que sofreria um assalto pela quarta vez e disparou contra o instrutor de trânsito. Natural de São João de Itaperiú, o homem morava no bairro Costa e Silva, mas era funcionário de uma autoescola no distrito de Pirabeiraba.
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Caso semelhante em São Paulo
A reportagem trouxe outro caso parecido com o caso joinvilense, ocorrido na última semana em São Miguel Paulista, na Zona Oeste de São Paulo. Por causa de um cartão bloqueado o aposentado Daniel de Moraes, de 74 anos, precisou ir ao banco, que fica a mais de 25 quilômetros da casa dele.
Daniel colocou uma bolsa em um porta-volumes, que é destinado apenas a objetos metálicos. O vigilante do espaço advertiu e pediu que ele pegasse a bolsa de volta para passar pela porta giratória. O aposentado acabou sendo atingido por um tiro disparado por um segurança, que foi preso em flagrante.