A Polícia Ambiental apreendeu 28 cobras nos últimos quatro anos em Santa Catarina devido a falta de autorização para criar os animais em cativeiro. Desse total, 18 são cobra-do-milho (Pantherophis guttatus), espécie exótica encontrada nos Estados Unidos e em partes do México.
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O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) permite criar serpentes não peçonhentas como animal de estimação no Brasil desde 1997. Contudo, para ter em casa, é preciso que o animal seja comprado em criadores legalizados e com registro no órgão. Segundo Jurema Klanovicz, cabo da Polícia Militar Ambiental, bióloga e especialista em biodiversidade, a serpente deve vir acompanhada com um microchip com dados do cativeiro e do tutor.
— Para importar uma cobra exótica, ou seja, que não seja de origem brasileira, também é obrigatório uma autorização especial do Ibama, já que existem os riscos de desequilíbrio do ecossistema local. Se um animal que não tem predador natural no Brasil escapa, por exemplo, ele pode desequilibrar todo o ecossistema local — diz.
A especialista também fala que criar ou ter a posse de qualquer serpente sem nota fiscal de compra e certificação/autorização do Ibama pode acarretar em detenção e multa, bem como a apreensão dos animais. O destino das serpentes depende de cada caso.
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— Em se tratando da Fauna Silvestre, o Centro de Triagem e Resgate de Animais Silvestres (Cetras) no Rio Vermelho [em Florianópolis] recebe para fazer o tratamento e readaptação à natureza. Em alguns casos, quando o animal está em condições, e após passar pela avaliação de um profissional habilitado, é realizada a soltura em local adequado, conforme preconiza a legislação ambiental ( Lei 9605/98 art 25). Quando se trata de animais exóticos, é realizado contato e parcerias com zoológicos da região para o recebimento.
Cobras apreendidas em SC
Entre 2020 e 2024, as cobras-do-milho foram as espécies mais apreendidas em Santa Catarina. Esse tipo de serpente costuma ser encontrada no sudeste dos Estados Unidos e também abrange partes do México. Elas podem chegar a 1,5 metro e não são venenosas.
Em 2024, uma Píton Amarela foi apreendida em Santa Catarina. O animal pode chegar a 10 metros de comprimento e pesar até 80 quilos, sendo considerada uma das maiores serpentes constritoras do mundo. Ela não é venenosa e não ataca humanos. Segundo a Polícia Ambiental, há outros dois registros relacionados à espécie no Estado, datados em 2023 e 2020.
Ainda neste ano, a Polícia Ambiental apreendeu uma cobra-cipó (Chironius bicarinatus), a única da lista natural do estado catarinense. A espécie não é venenosa e costuma viver na mata Atlântica.
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Veja as ocorrências relacionadas ao resgate de cobras em SC
2024
- 1 Cobra-cipó
- 13 Cobras-do-Milho
- 1 Píton Amarela
2023
- 2 Cobras-do-Milho
- 1 Píton-Bola
2020
- 1 Píton
- 8 Cobra-do-Milho
Veja as fotos das cobras
Quais as cobras mais comuns no inverno em SC?
De acordo com Gilberto Ademar Duwe, biólogo especialista em conservação da natureza, não é comum a presença das serpentes no inverno. Isso porque nesta época do ano, elas costumam ficar escondidas e só aparecem durante a primavera e verão.
— Com relação às serpentes mais frequentes, isso pode variar muito de região para região. No Norte de Santa Catarina, nas áreas mais urbanas, ocorrem muitas dormideiras (não peçonhentas), Jararacas (peçonhentas) e corais-verdadeiras (peçonhentas) — explica.
Para a especialista em biodiversidade, é importante pensar bem antes de comprar um animal peçonhento para ter em casa.
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— Criar uma cobra está longe de ser a mesma coisa que criar um gatinho, e isso também deve ser posto na balança antes de decidir comprar esse “pet” um tanto quanto incomum. Conhecer as características do animal, fazer planejamento de espaço, alimentação e pensar no bem estar do animal de maneira a não deixar estressado ou doente.
Como evitar acidentes
O Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC) conta que a maior parte dos acidentes envolvendo as serpentes ocorre em membros inferiores até a altura do joelho. Por isso, é recomendado o uso de botas de cano alto ou botinas com perneiras para desenvolver atividades agropecuárias ou de lazer em ambientes naturais, como trilhas no campo, praias ou na mata.
Além disso, é preciso evitar colocar a mão em buracos ocos, amontoados de folhas secas, tocas ou qualquer outro local que possa ser utilizado por esses animais como abrigo.
Para manter as cobras longe das residências, é importante eliminar montes de entulho, lenha, acúmulo de lixo, folhagens secas ou qualquer condição que propicie abrigo para esses animais ou a proliferação de roedores (visto que grande parte das serpentes de interesse médico se alimenta de ratos).
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