Paulinho rouba a bola de Riquelme e toca para Emerson, que gira e enfia para Romarinho. O jovem atacante, de 21 anos, recebe em velocidade e, com a frieza de um verdadeiro veterano, dá um toque sutil por cima do goleiro Orión para silenciar a temida Bombonera.

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O emblemático lance que gerou o gol de empate do Corinthians com o Boca Juniors na primeira final da Copa Libertadores está na ponta de língua de todo corintiano.

Natural de Palestina, a 500km de São Paulo, Romário Ricardo da Silva, assim como a grande maioria dos jogadores brasileiros, foi descoberto por um olheiro em um campinho de terra batida.

Enquanto os pais trabalhavam na lavoura, o garoto dava os primeiros chutes na bola. Aos sete anos, chamou a atenção do Vitória e mudou-se, sozinho, para Salvador. Mas a saudade da família bateu mais forte e, duas semanas depois, ele já estava de volta a Palestina.

Após um período de três anos treinando nas categorias de base do Rio Preto-SP, Romarinho, aos 10 anos, passou em um teste do São Paulo.

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A timidez e humildade foram características marcantes na infância do atacante. Mas a passagem de dois anos pelo Tricolor trouxe à tona um sério problema com os estudos.

– Ele era muito humilde, tímido e não gostava de estudar. O São Paulo ajudou muito ele, mas o clube não teve muita paciência para lidar com essa questão dos estudos e acabou dispensando ele – lembra Herico Lima, funcionário público e primeiro treinador de Romarinho em Palestina.

A dispensa não abalou o jogador, que seguiu em busca do sonho de tornar-se profissional. Antes de destacar-se no Bragantino e ganhar o título de revelação do último Paulistão, ele passou por outras três equipes paulistas: Rio Branco, Desportivo Brasil e São Bernardo.

Santista declarado, o atacante por pouco não foi contratado pelo Santos. O presidente Luis Alvaro queria o empréstimo de graça, mas o Bragantino recusou. Foi aí, então, que o Corinthians entrou no caminho de Romarinho. E Romarinho entrou no caminho do Corinthians.

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Curiosidades:

Família

Após ser contratado pelo Corinthians, Romarinho trouxe os pais para morar em São Paulo. O pai Ronaldo, no entanto, não se adaptou à capital e já pretende retornar ao interior.

Irmãos no batente

Os irmãos de Romarinho seguem trabalhando em Palestina. Um trabalha como frentista e o outro é funcionário na Usina Colombo.

Apelidos

Romarinho se chama Romário Ricardo da Silva, mas o primeiro nome nada tem a ver com o Baixinho. O nome surgiu a junção dos nomes do pai Ronaldo e do avô Mário. No Desportivo Brasil-SP, ele também recebeu o apelido de Djavan, por causa do cantor.

Cornetada

Ontem, antes de voltar ao Brasil, Tite revelou o diálogo entre o auxiliar-técnico Mauro da Silva e Romarinho: Antes dele entrar, o Mauro disse para ele: “O cara vai te colocar no jogo”. E ele respondeu: “Estou cansado de tomar porrada na Série B, que é duro pra caramba, aqui é mais fácil, tem mais espaço.”

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O precoce

O clima de alegria no vestiário do Corinthians não contagiou Romarinho. Além dos cumprimentos pelo gol feito na Bombonera, alguns jogadores brincaram com ele: “A gente se mata 90 minutos, você entra em campo e já faz gol em um minutos. Aí não dá…”, contou um atleta.

“Eu senti, coisa de momento”

Romarinho revelou na coletiva pós-jogo que, ao ser chamado por Tite, um companheiro falou que ele faria um gol. E o goleiro Julio Cesar confirmou que foi ele: “Foi uma coisa do momento, eu senti. Ele tinha feito dois gols contra o Palmeiras e senti que ele faria de novo.”