Acontecimentos e observações recentes fazem que me lembre de quando passei a usar óculos. Foi uma surpresa. De um dia para o outro, precisei. Até então, só tinha entrado numa sala de oftalmologista por causa de conjuntivite, para confirmar, tratar e pegar atestado.
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Aos 40 anos, num começo de tarde, sentei para uma reunião segurando uma folha de papel carregada de assuntos a discutir. Do nada, as linhas “tremeram” e não voltaram mais para o lugar. Três horas antes, tinha lido a mesma folha sem problemas. Perguntei a uma colega se o papel dela estava normal e se o problema era com o meu. As duas cópias estavam iguais e normais. Dois dias depois, consulta e prescrição de “óculos para perto”, para leitura, para atividades no computador e para reconhecer o preço da farinha e do taiá na vendinha.
É a idade, disseram amigos na época. Que seja.
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A lembrança veio ao perceber um colega de caminhada fazendo certo esforço para ler um panfleto. Perguntei a ele: quantas vezes você consultou um oftalmologista? “Nenhuma”, foi a resposta. Ele conta já com 52 anos. Conheço outras pessoas com visão invejável para a idade que têm. De dar inveja mesmo. Não é o caso deste companheiro, aconselhado a buscar ajuda.
Ainda se encontra resistência acima do comum nestes dias de informações fartas. A observação vale para diversas coisas. Neste caso específico, temos um amigo com medo de encarar a necessidade de usar óculos, pelo jeito.
Minha mãe faz crochê sem óculos aos 70 anos. Uma conhecida nossa, aos 79 anos, lê a Bíblia sem reforço para os olhos. São dois fenômenos. É provável que ambas tivessem um pouco mais de conforto nestas atividades com a ajuda de umas lentes, mas como dizem estar bem assim, não as chateamos com pitacos a esta altura de suas vidas.
Ao contrário daquele cidadão do panfleto, que sente as dificuldades e parece não as reconhecer. Está, literalmente, fechando os olhos para o problema, como tantos fecham para outros sinais que o corpo emite.
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