Sinônimo de praias cheias e de vinda de turistas, a temporada de verão em Santa Catarina traz um desafio a mais desta vez aos gestores públicos, empresários e entidades do setor. O Estado vive uma alta nos casos de Covid-19, o que gera uma pressão para o planejamento de uma temporada segura.

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Esse e outros desafios do turismo catarinense nesta temporada serão tema do painel de estreia do projeto multimídia “De Olho no Verão”, da NSC. A partir das 13h30min desta terça-feira (15), autoridades vão debater possíveis soluções para o setor, com mediação e participação de jornalistas dos veículos da NSC. A transmissão on-line será no site do G1 SC. No mesmo horário, também haverá debates sobre comércio, na quarta (16); eventos, na quinta (17); e conscientização, na sexta (18).

Realizado em 2015 e 2017, o “De Olho no Verão” já levantou questões importantes como a capacidade das cidades catarinenses de se estruturarem para receber os turistas. Neste ano atípico, além dos visitantes é preciso lidar com o combate à covid-19. Para propor medidas práticas, a NSC investe no conceito de Jornalismo de Soluções, que busca bons exemplos já adotados para determinados problemas. Neste ano, o objetivo é apresentar sugestões que sejam aplicáveis à realidade catarinense.

Impacto no setor de turismo

O diagnóstico econômico divulgado pela Agência de Desenvolvimento do Turismo de Santa Catarina (Santur) em julho, estimou o impacto econômico para o setor entre março e abril — logo no início da epidemia em Santa Catarina — em R$ 9 milhões. Até dezembro, a estimativa era que o impacto se aproximasse dos R$ 32 milhões.

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A Santur ainda mediu, em pesquisa, o fôlego dos empresários de todos os segmentos do turismo em março e mostrou que a maioria (35%) tinha condições de segurar as pontas por apenas um mês ou dois. Somente 21% conseguiriam manter o negócio por até quatro meses e 4% por seis.

O desemprego foi consequência das restrições. De acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), dos 15 mil estabelecimentos deste segmento do Estado, 5 mil fecharam as portas. Cerca de 40 mil trabalhadores perderam o emprego. No setor hoteleiro, a estimativa da Santur é que 5 mil trabalhadores de hotéis e pousadas tenham sido demitidos.

Medidas de restrição à circulação também impactaram a vinda de turistas para o Estado. A malha aérea em Santa Catarina teve uma redução de quase 60% no mês de março de 2020. Os transportes intermunicipal e interestadual também sofreram impactos.

A circulação de ônibus no mês de março foi de apenas 8,8% em comparação com 2018 e 2019. Consequentemente, o número de passageiros diminuiu em 82,6% no comparativo com o mesmo período dos últimos dois anos. 

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Medidas restritivas

Hotéis, pousadas e similares tiveram modificações no funcionamento logo após a confirmação dos primeiros casos de Covid-19 em Santa Catarina. As restrições impostas tiveram como alvo a capacidade de atendimento e a movimentação de hóspedes por áreas comuns desses locais.

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Uma das frentes estaduais de planejamento da temporada é o Selo Viaje+Seguro. Lançado em setembro, o programa tem como foco o aquecimento do turismo interno, com atenção às medidas sanitárias. Além de localizar estabelecimentos que cumpram as medidas sanitárias é possível adquirir ofertas de serviços.

O programa tem adesão voluntária e gratuita para todos os empreendimentos vinculados à cadeia do turismo. Os empreendedores interessados devem efetuar um cadastro no site do programa e fazer uma autoavaliação quanto aos requisitos a serem cumpridos.

— Conforme fomos fazendo o monitoramento da pandemia, que não recuou, consideramos relevante dar maior ênfase à questão da segurança, para ampliar a adesão dos estabelecimentos e incentivar que os turistas busquem os estabelecimentos certificados, além de fortalecer a ideia de que todos somos responsáveis pelos cuidados — pontuou Leandro “Mané” Ferrari, presidente da Santur. 

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O governo também liberou os hotéis para voltarem a operar com capacidade total a partir da próxima segunda-feira (21). Segundo o governador Carlos Moisés (PSL), o intuito é barrar hospedagens clandestinas em locais sem fiscalização. 

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Em nota, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Santa Catarina (Abih) comemorou a liberação. 

“A rede hoteleira de Santa Catarina composta atualmente por mais de 5700 meios de hospedagens registrados na Junta Comercial do Estado de Santa Catarina – Jucesc, nas 13 regiões turísticas, poderá voltar a operar com mais tranquilidade, garantindo o bom funcionamento da operação, movimentando a economia do Estado e permitindo que inúmeros postos de trabalho sejam gerados”, disse o texto.

Em entrevista à NSC TV, a turismóloga Edna Mello de Liz, avalia que a colaboração para manter o setor em funcionamento depende da colaboração de empresários, governo e da população.

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— Cabe a cada um de nós, moradores, turistas e prestadores de serviço, manter esse nível de segurança. Quanto maior o número de contaminados de uma cidade, menor será a capacidade de carga deste destino — afirmou.

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Atualmente, regiões classificadas em nível gravíssimo na matriz de risco podem operar com apenas 30% da capacidade. No nível grave, a ocupação aumenta para 60% e 80% no nível alto. A capacidade total é permitida para o grau moderado. Com 432.050 casos positivos até esta segunda-feira (14), SC tem 14 das 16 regiões em nível gravíssimo.

Prefeituras investem em fiscalização

Além de medidas estaduais, prefeituras também encaminham ações para a temporada. Em Imbituba, no Litoral Sul, onde cenas de aglomeração nas praias repercutiram nacionalmente, a gestão municipal prepara um ‘plano de verão’ com foco na fiscalização.

Segundo o prefeito Rosenvaldo Júnior (PSD), os fiscais que devem atuar nas praias estão sendo treinados para saber como fazer as abordagens e a aplicação de sanções a quem descumprir as regras:

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— Estamos discutindo com a Polícia Militar, com o Ministério Público aqui da cidade e com a Polícia Civil as ações de um plano de verão que deverá ser publicado ainda nesta semana.

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A prefeitura de Balneário Camboriú, um dos locais mais badalados na temporada, lançou a operação #SeCuidaBC. A fiscalização atuou já neste final de semana e fechou um bar na Avenida Atlântica após flagrar aglomeração de pessoas, desrespeito às normas de distanciamento social e de uso de álcool em gel. O estabelecimento foi multado em R$ 5.025,28.

O monitoramento das praias em Balneário deve contar ainda com o auxílio de drones para identificar o descumprimento das medidas sanitárias e o reforço do efetivo da fiscalização diurna e noturna. O município também estuda uma maneira de regulamentação das plataformas de locação, para que haja maior controle da ocupação dos apartamentos de temporada.

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