A pandemia modificou a forma de consumo dos catarinenses. Ao surgirem os primeiros casos da doença, o comércio físico teve de fechar as portas, o que impactou em demissões e queda na arrecadação. O ano deve encerrar com saldo negativo de 9 mil vagas de emprego, segundo estimativa da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc). Com a chegada da temporada de verão, o desafio é fortalecer as vendas, aliando as compras online ao setor.
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Esse e outros desafios do comércio catarinense nesta temporada são temas do painel do projeto multimídia “De Olho no Verão”, da NSC. Iniciado na terça-feira (15) com uma discussão sobre o turismo, a iniciativa debate com autoridades possíveis soluções para setores da economia, com mediação e participação de jornalistas dos veículos da NSC. A transmissão online será no site do G1 SC, a partir das 13h30min. No mesmo horário, também haverá debates sobre eventos, na quinta (17); e conscientização, na sexta (18).
Realizado em 2015 e 2017, o “De Olho no Verão” já levantou questões importantes como a capacidade das cidades catarinenses de se estruturarem para receber os turistas. Neste ano atípico, além dos visitantes é preciso lidar com o combate à Covid-19. Para propor medidas práticas, a NSC investe no conceito de Jornalismo de Soluções, que busca bons exemplos já adotados para determinados problemas.
Impactos para o setor
Em Santa Catarina, após cerca de 30 dias fechado, o comércio físico pode voltar a funcionar em abril. O setor teve de adotar medidas sanitárias como distanciamento social, atendimento a clientes somente com uso de máscaras e a disponibilização de álcool em gel. Contudo, os clientes não poderiam experimentar roupas, calçados e acessórios nas lojas.
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Esses setores foram justamente os mais impactados com a pandemia, de acordo com dados do IBGE. O reflexo negativo nas vendas também foi sentido na indústria. Fecharão o ano no vermelho, segundo a Fiesc, os setores têxtil, de confecção, couro e calçados. A queda deve ser de 14% em relação ao ano passado.
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Em anos normais, a chegada da temporada representaria uma alta demanda de empregos temporários. No último verão, só em Florianópolis, a oferta de emprego aumentou 30%. Em Balneário Camboriú 44%. No ano atípico, em que a Covid-19 ainda representa um perigo sanitário, lojistas entrevistados pela Fecomércio em cinco cidades litorâneas disseram que não pretendem contratar funcionários extras.
Recuperação de Natal
Mesmo que tímida, a recuperação econômica do setor começa a se mostrar possível. Seja por meio da aproximação com os clientes de forma virtual ou pelo uso das redes como forma de fornecer um novo tipo de serviço.
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Em entrevista à NSC TV, a designer de estilo Juliana Fumagali Mafeçoli contou que a partir de agosto a fábrica de calçados em que trabalha ficou sem matéria-prima pela alta procura:
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— Em agosto, quando as coisas começaram a retomar, foi realmente muito intenso porque o consumidor estava com o consumo reprimido. Estava com uma necessidade de consumir, de comprar. Tanto que faltou matéria-prima no mercado, foi uma loucura.
A fábrica, em São João Batista, lançou uma coleção inédita por meio de lives. E, apesar do distanciamento físico, Juliana enxerga uma aproximação maior com os clientes durante o período da quarentena.
Na Europa, pequenos comércios adotaram o sistema de “Click and collect” para o Natal. O serviço possibilita que o cliente escolha e compre o produto online. Já a retirada ocorre de maneira presencial.
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A procura por canais digitais já é sentida entre os consumidores catarinenses. Segundo pesquisa da Fecomércio em sete cidades de Santa Catarina, a pretensão de compras em sites, e-commerce e outros canais digitais quase triplicou, passando de 5,4% em 2019 para 15,8% neste ano.
Diferente dos anos anteriores, o planejamento e as compras adiantadas devem dar lugar à tradição de compra nas vésperas. Segundo a Fecomércio, muitos catarinenses aproveitaram a Black Friday para adiantar as compras.
Para evitar aglomerações, o comércio também passou a atender com horário estendido neste período de Natal em todo o estado. A ideia é promover assim mais segurança aos comerciantes e clientes.
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