Saímos de Frei Rogério, no Meio-Oeste de SC, em um fim de tarde. Ganhamos a BR-116 e, poucas horas depois, as silhuetas das araucárias anunciavam nossa chegada à Serra catarinense, que, com o Sul do Estado, é tema do próximo caderno Viver SC, que será publicado no dia 29.
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Amanhecemos na Princesa da Serra, Lages, e o clima frio e cinzento evidenciava o cartão-postal da região. Nem os animais de estimação escaparam. No caminho para uma pauta avistamos uma senhora carregando seu cachorrinho todo agasalhado.
Entrevista e previsões
Além da paisagem, notamos diferença nas características do povo. As peles eram mais morenas, fruto da miscigenação entre índios e tropeiros, e bombachas e chapéus faziam parte das vestimentas. Na produção da primeira reportagem, fomos surpreendidos. Entrevistava Lauracy Proença de Mello, 74 anos, sobre suas boas ações pela cidade, quando ela desviou da resposta para falar sobre a energia que sentia do fotógrafo Marco Favero. Falou coisas da personalidade dele que poucos conheciam. Depois seguiu para o motorista Rafa e sobrou até para mim. Em meio às análises, previsões animadoras. A explicação apressada veio logo depois, como um pedido de desculpas: “sou meio cigana”. ?
Café da manhã serrano
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Pode-se dizer que o serrano é “um cabreiro acolhedor”. A generosidade das pessoas foi um ponto marcante nas nossas andanças pela região. Perdemos a conta de quantas vezes ouvimos um “se precisar, podem voltar aqui depois” durante nossa estadia. Foi na Serra que tomamos nosso primeiro café com um morador. Após a produção da reportagem sobre as esculturas feitas de macieira por Emílio Medeiros Neto, 68 anos, em São Joaquim, ele nos impediu de partir sair antes de degustar um café passado, pão de queijo e pão caseiro com linguiça colonial. Depois de muita insistência do anfitrião (nem tanta assim!), provamos um típico café com mistura serrano, acompanhado dos causos e lendas contados pelo falante tio Mila. “Eu proseio demais”, brinca o agricultor. ?
Pasteleiro mais antigo de São Joaquim ?
Foi também em São Joaquim que conhecemos a pastelaria Bom Jesus. O local existe sob o comando de Francisco Acioli de Souza, 69 anos, conhecido como Chico Pasteleiro, há 55 anos. Ele começou a vender pastel aos sete anos e não parou mais. Orgulha-se em contar que tirou férias só uma vez na vida: 10 dias em 1990. O local com apenas três mesas já foi ponto de encontro dos jovens, já que ficava aberto até de madrugada. Mas “a saúde foi diminuindo” e hoje abre até as 20h30min todos os dias. Chico Pasteleiro vende pastéis para moradores e turistas de todos os cantos, o segredo está guardado em uma garrafa de Laranjinha: o molho caseiro feito com massa de tomate, água e vinagre. – Tem gente que já esperou 1h30min para comer pastel, chega a dar fila, porque somos só eu e minha esposa preparando. Brinco que só vou deixar o pastel na hora que abotoar o paletó – brinca.