A presidente Dilma Rousseff recebe nesta terça-feira as cúpulas do PT e o PMDB para um jantar no Palácio da Alvorada, que contará ainda com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No cardápio, análise sobre a dobradinha entre os dois partidos, a reorganização do espaço dos partidos no governo pós eleições municipais e estratégias para 2014. Nesta segunda-feira, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), um dos convidados do jantar, disse que o PMDB vai aproveitar o encontro para reiterar o apoio do partido à reeleição de Dilma Rousseff ao Planalto, em 2014.

Continua depois da publicidade

O jantar servirá ainda para demarcar a ampliação do espaço do PMDB no governo e a proximidade do partido com o PT e o Planalto. Mas o governo está cauteloso para não criar ciúmes no PSB já que o ex-presidente Lula, que mergulhou de cabeça nas eleições municipais em vários municípios, acabou deflagrando confronto direto com o PSB em vários municípios, como em Recife e Fortaleza, onde o PT foi derrotado.

Em hipótese alguma quer ter problemas diretos com o PSB, que considera um aliado importante para votações no Congresso. Também não quer abrir espaço para deixar que o governador Eduardo Campos siga caminho próprio para 2014, atrapalhando os planos de reeleição de Dilma. Apesar de a presidente Dilma ainda não ter se reunido com o presidente do PSB, governador Eduardo Campos, e de uma reunião estar sendo esperada por ele, no Planalto, até agora, a previsão de uma reunião é na sexta-feira, em Salvador, onde será realizada reunião da Sudene, e onde todos os governadores do Nordeste estarão presentes.

PMDB vai garantir apoio à reeleição de Dilma

Ao falar à imprensa, após a cerimônia de entrega da Ordem do Mérito da Cultura, José Sarney disse que o jantar desta terça será para fazer um balanço das eleições e comemorar os resultados obtidos pelos dois partidos, assim como traçar a estratégia de continuarem caminhando juntos no futuro.

Continua depois da publicidade

– Vamos conversar sobre eleições e sobre futuro. Falaremos da aliança do PMDB e do PT com o governo, sobre a nossa contribuição e como vamos nos conduzir até o término do mandato da presidente, além de, sem dúvida alguma, apoiá-la na reeleição – afirmou o presidente do Senado, evitando tratar sobre a discussão para a ampliação do espaço do partido na Esplanada dos Ministérios.

A ajuda que o PMDB deu ao governo nas eleições municipais foi reconhecido pelo Planalto, particularmente o apoio de Gabriel Chalita em relação à vitória de Fernando Haddad, em São Paulo. Essa participação reconhecida pelo Planalto como “relevante” e “importante” deverá render aos peemedebistas mais espaço na Esplanada do Ministérios. Só que, no Planalto, já se fala que Chalita poderá ficar em São Paulo, para um cargo “muito bom” ao lado de Haddad, o que levaria a uma mudança de estratégia em relação ao nome e ao novo ministério a ser ocupado pelo PMDB.

No jantar, onde o PMDB fará questão de reiterar o apoio à reeleição de Dilma, ouvirá dos petistas presentes e da presidente Dilma, que o acordo para as eleições da mesa da Câmara e do Senado está garantido. Ou seja, que o governo vai ajudar a garantir a presidência da Câmara ao deputado Henrique Eduardo Alves e do Senado, a Renan Calheiros. O governo assegurará ainda que não endossará nenhum tipo de cenário diferente deste, para cumprir o acordo, apesar de ter notícias de aventuras de outros candidatos.

O jantar, que a princípio iria ser resumido a apenas cinco participantes de cada lado, foi ampliado. Ministros do PT e do PMDB estarão presentes, assim como os presidentes dos dois partidos, Rui Falcão e Valdir Raupp, dos lideres dos partidos nas duas casas e das lideranças do governo no Congresso.

Continua depois da publicidade

Neste desenho de redistribuição de espaço na Esplanada, um dado novo vem incomodando a presidente Dilma Rousseff: a insistência do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, em deixar a pasta, apesar de não ter completado nem um ano no cargo. Mercadante tem confidenciado isso a inúmeros interlocutores e já fez chegar à presidente sua intenção. De preferência, ele gostaria de se transferir para uma cadeira no Palácio do Planalto, que poderia ser a Casa Civil, de Gleisi Hoffmann, ou a Secretaria de Relações Institucionais, de Ideli Salvatti. Mas, pelo menos neste momento, ele não conta com concordância de Dilma que quer mexer o mínimo possível no primeiro escalão. Ambas seriam candidatas ao governo de seus respectivos estados Paraná e Santa Catarina, em 2014.

No redesenho da Esplanada, o PSD, de Gilberto Kassab também será contemplado. Só não está fechado, ainda, onde o partido será instalado e quem será o novo ministro. Somente depois de uma conversa de Dilma-Kassab, o assunto será definido. A pasta dos sonhos sempre é o Ministério das Cidades, mas a presidente Dilma não pensa em desalojar Agnaldo Ribeiro, do PP.