A família Krupp é de uma linhagem de inventores. Segundo Igor, o mais novo, o avô foi um dos responsáveis pela tecnologia de muitos cortadores de grama. Já o pai dele estaria por trás do acendedor elétrico de fogões. Em muitas das casas do país, há um pouco dos Krupp. Mas o último na geração citada não deixou de lado a criatividade. Juntou o que ouviu das amigas manezinhas da sogra com seus conhecimentos culinários para criar um prato que homenageia Florianópolis. Ele é só mais um dos muitos que saem da cabeça do chefe de cozinha com voz de locutor de rádio.
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Igor é gaúcho de Porto Alegre e se formou em Jornalismo nos anos 1990. Trabalhou em rádios pelo estado vizinho até que, em 2005, foi estudar gastronomia na França. A paixão e gosto por cozinhar também podem ser consideradas heranças da família. Via mãe preparar banquetes e se animava com aquilo.
Quando voltou ao Brasil, Florianópolis entrou em sua rota de visitas que se tornaram constantes. Ele conta que um dia, encantado com o sabor das ostras, almoçou o prato em cinco restaurantes diferentes no mesmo dia.
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Um pouco de ostra in natura, ao bafo, gratinada. Todas as formas como o molusco foi servido agradaram o chef.
Quando decidiu se mudar para cá e passou a trabalhar em um restaurante, que mesmo longe do mar geograficamente (fica no meio da SC-401), serve mexilhões, ostras, polvo e camarão em suas opções de entradas e pratos principais.
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O homem alto se move pela cozinha do restaurante sem que o nada o atrapalhe. É como ver alguém dançar, assistir Igor na frente fogão num contorcionismo para cuidar do tempo de preparo de ingredientes espalhados em três panelas. Corta aqui, joga li, tempera de lá. E voilá: fica pronta mais uma porção de dazumbanho — prato que criou para o aniversário de Florianópolis e que está no menu do restaurante onde é chef.
O prato tem como elemento central uma estopa de peixe, que é uma forma de servir o produto mais desfiadinho. É um jeito clássico da culinária manezinha e que caiu em desuso. Quem contou sobre essa receita foram amigas da sogra do chef, que lembraram de preparar o alimento assim na infância.
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Para dar formato de disco, ele adiciona ao peixe um pouco de batata. O prato tem ainda um suflê de cenoura, que na composição lúdica proposta por Igor, representa as dunas de areia como as da praia da Joaquina.
Tem também berinjelas marinadas na cerveja, que representam os costões de pedra encontrados por tudo que é praia. Uma espuma de caipirinha completa o prato. Ele foi feito com cachaça do Ribeirão da Ilha e foi colocada para lembrar das ondas do mar.
O prato feito pelo chef ajuda a entender a Florianópolis dele. Tem um muito do mar de Canasjurerê (partet final do bairro Canasvieiras e início de Jurerê) onde ele gosta de acompanhar os pescadores e onde escolheu viver. Tem também o Ribeirão da Ilha, na outra ponta da cidade, onde ele come ostras dos produtores locais. É também a SC-401, onde está o Danko, restaurante em que ele trabalha.
Mais de 53 mil gaúchos vivem em Florianópolis
Igor faz parte dos 53 mil gaúchos que moravam em Florianópolis quando os recenseadores do Instituto Brasileiiro de Geografia e Estatística (IBGE) bateram às portas dos moradores de Florianópolis atrás de informações para compor o Censo de 2010.
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Apesar de já ter prévias do Censo de 2023, o IBGE ainda não diferenciou os dados de quantas pessoas de foram moram aqui atualmente. O que já foi divulgado é que a população cresceu. Conforme dados divulgados até março, são 574.200 mil com DDD 48.
Segundo o dado da Florianópolis de 12 anos atrás, a população de 421.240 habitantes era formada em sua maioria por catarinenses (293.262) e depois por quem veio de outros estados para cá. Gaúchos (53.476), paranaenses (22.363), paulistas (19.624), cariocas (7.988) e estrangeiros (4.622).
De lá para cá a cidade cresceu e a estimativa do IBGE é que vivam aqui agora 574.200 mil pessoas moram aqui.
Floripa 350 anos
A história de Igor faz parte do projeto Floripa 350 anos, que celebra o aniversário da cidade. De março até dezembro serão contadas histórias sobre a cidade para celebrar a cultura, história e também sobre como Florianópolis cresceu ao longo dos anos.
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Veja o vídeo “Quantas Florianópolis cabem aqui?”
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