Sob uma lua crescente, o casal Sandra e João Ari Conceição vai dormir três noites na suíte 122 do Itapema Plaza, no litoral de Santa Catarina. O espaço é tranquilo, de onde se ouve as ondas arrebentando na praia e se pode sentar em um banco embaixo de uma árvore a poucos metros da areia. Domingo à tarde, quando pela primeira vez colocaram os pés no quarto, os moradores de Joinville não sabiam que ali também tinha estado o homem que pela primeira vez pisou na lua.
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– Imagina que ele pode ter sentado nesse banco e olhado para o céu. Mas o que será que pensava ele quando olhava para a lua? – perguntava-se Sandra, que além de ser auxiliar de enfermagem na Maternidade Darci Vargas, em Joinville, trabalha para uma rede de cosméticos. Uma convenção da empresa é o motivo que faz ela e o marido aposentado estarem hospedados no mesmo lugar usado pelo astronauta americano.
Ao saber que ali tinha se hospedado Neil Armstrong, o casal se mostrou surpreso. Apressados para curtir a estrutura do hotel, nem perceberam a placa colocada pela direção como marco da estada do famoso hóspede em setembro de 2009: ” Homenagem ao ilustre visitante, o astronauta Neil Armstrong, comandante da missão Apolo 11, o primeiro homem a pisar na lua em 20 de julho de 1969…”.
Entre 24 e 28 de setembro de 2009, Armstrong esteve em Itapema para a festa de casamento do enteado. O rapaz se casou com a filha de um empresário de origem coreana e que tem negócios em Itajaí. A noiva cresceu vendo o seu pai jogando golfe nos campos do Plaza e teria prometido que casaria ali. A promessa foi cumprida. O casal se conheceu nos Estados Unidos, onde moram. Para vir ao casamento, Armstrong estabeleceu um contrato de privacidade. Exigiu que sua privacidade fosse mantida, por isso somente depois de sua ida é que o assunto veio à tona.
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Para não expor o hóspede, inclusive um dos únicos marcos da passagem do astronauta pelo hotel, a assinatura na ficha de entrada, fotografada e publicada pelo DC, em julho de 2009 na reportagem sobre os 40 anos do homem na lua, foi retirada pelo antigo dono do hotel.
Sobre a mesma cama onde dormiu Armstrong, reconhecido pelo presidente Barak Obama como “um dos maiores heróis de todos os tempos”, Sandra observou:
– Não é um ambiente luxuoso. Tudo bem simples. Acho que ele também devia ser assim – sugeriu ela, que revelou gostar muito de olhar a lua e apreciar suas diferentes fases.
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O ambiente do quarto é clean. As paredes são brancas, as cortinas em tons também claros e a decoração com quadros de fotos de Nádia Raupp Meucci. A temática é a natureza, com flores, pássaros e borboletas. Na ante sala, uma mesa com duas cadeiras, uma TV LCD e um móvel em cor escura.
– Nem banheira tem – observou Sandra.
Mas é o visual do lugar que deve ter agradado ao hóspede famoso e aos atuais. A praia fica a cerca de 15 metros, o gramado abriga quero-queros e o escuro do inverno vai dando lugar ao verde da primavera.
Na alta temporada o preço da diária por pessoa é R$ 800. Na baixa, como agora, um pacote de quatro dias sai por R$ 850, preço especial para promoção. Mas não foram só os hospedes atuais da suíte 122 que comentaram sobre Armstrong. Os funcionários também.
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Em 1969, Valmor Florêncio iniciava-se na profissão de garçom no Itapema Plaza. No mesmo ano, Neil Armstrong pisava na lua. Em maio de 2009, quando o astronauta americano esteve em Santa Catarina, Florêncio serviu-lhe refeições. Escalado para trabalhar na festa de casamento do enteado de Armstrong Florêncio, assim como quase todos os funcionários do hotel não sabia de quem se tratava. O garçom só soube quando tempos depois um hóspede apareceu com a matéria publicada no jornal. Havia estado à frente do primeiro homem a passear pela lua.
– Eu não troquei nenhuma palavra com ele. Ele não falava brasileiro (português) e nem eu a língua dele (inglês). Mas senti que era uma pessoa bastante educada – conta.
O garçom lembra que antes do jantar foi servido um coquetel com iguarias típicas do litoral catarinense e que entre as bebidas havia caipirinha:
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– Eu sei que os convidados beberam, mas como eu não sabia quem era aquele senhor acabei não prestando atenção no que ele bebeu. Naquele dia choveu muito e foi montada uma tenda, ficando o espaço um pouco pequeno – recorda.
A história de Denílson Vieira é diferente. Para ele, o inglês fluente foi o motivo de ter tido a oportunidade de conversar com o Armstrong. Na época recepcionista, Vieira sabia quem era o hóspede que primava por sigilo a respeito de sua identidade:
– Eu estava na recepção e ele conversou comigo sobre o número de um telefone da companhia América Airlines, pois precisava tratar de algo da passagem – recorda.
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Vieira conta que quase todos os diálogos do astronauta tinham a participação de seu segurança pessoal. Bastante reservado, o astronauta chegou a comentar que tinha gostado muito do lugar e do tratamento discreto que encontrou. Chegou a dizer que gostaria de voltar.
– O segurança chegou a dizer que aqui ele não teve trabalho, pois foi seguido à risca o contrato de não ser incomodado – diz. Exatamente assim, como queria o homem que pisou na lua em em Santa Catarina.