
Na primeira matéria da série que pretende, por meio de entrevistas especiais, dar um panorama do futebol catarinense para a temporada 2014, os personagens escolhidos foram o árbitro Paulo Henrique Godoy Bezerra e o auxiliar Kléber Lúcio Gil. Eleito o segundo melhor árbitro do último Campeonato Brasileiro, Bezerra, 44 anos, já apitou seis finais de Estaduais e fará nesta temporada sua despedida dos gramados. Já Kleber Gil, 36, encerrou em 2013 seu primeiro ano como integrante do quadro da Fifa e despontou como um dos novos talentos da arbitragem nacional.
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Paulo Henrique Godoy Bezerra
MOMENTO DA CARREIRA
Tive em 2013 o melhor ano da minha carreira. Consegui me manter na Série A e apitei uma sequência de grandes jogos, partidas decisivas. Ao todo, foram 15 no Brasileirão. E o reconhecimento é fruto de muito trabalho. Há três anos, estabeleci a meta de que encerraria a carreira no auge. Como sou obrigado a abandonar o quadro da CBF ao completar 45 anos, vou parar justamente no meu melhor momento.
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APOSENTARIA FORÇADA
Poderia apitar em alto nível por mais alguns anos, mas a CBF não permite. O sistema é injusto. Hoje, aos 45 anos, estou melhor do que há 20 anos. Tenho resistência e posicionamento, e a experiência ajuda a conhecer os atalhos. Se eu consigo fazer os tempos e as distâncias que a Fifa impõe, deveria poder continuar. A avaliação tinha que ser individual.
PROJETO PESSOAL
Tenho 94 jogos apitados na Série A. Quero chegar ao centésimo em 2014 para coroar o momento. Após 13 anos na Primeira Divisão, quero pelo menos encerrar a carreira entre os melhores da arbitragem brasileira. Para isso, treino quase que diariamente. Trabalho oito horas por dia na Celesc e faço a preparação no horário de almoço. É impossível viver só da arbitragem no Brasil. Falta a profissionalização.
ÁRBITROS DE ALTO NÍVEL
Temos excelentes árbitros em SC e no Brasil. O quadro da FCF está no nível de qualquer outro do país, com nomes como Heber Roberto Lopes e Célio Amorim. Hoje em dia, o árbitro precisa ter aprimoramento contínuo, testes constantes, sejam físicos ou teóricos. Houve uma época em que o aspecto técnico foi esquecido, o que importava era ter preparo físico. Hoje, precisa esta bem nas duas frentes.
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Kleber Lúcio Gil
ANO DE EVOLUÇÃO
Apareci pouco para a mídia, mas acho que foi o ano de maior crescimento profissional. Foi o meu primeiro como integrante do quadro de arbitragem da Fifa, participei de 17 jogos internacionais, entre Libertadores, Sul-Americana, Recopa e Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa. Adquiri experiência em jogos mais complicados, em que o nível de exigência é maior. Acho que cumpri meu papel.
PROFISSIONALIZAÇÃO
A lei que reconhece a profissão foi sancionada no final de novembro, mas os trâmites para a regulamentação ainda devem levar um tempo. A profissionalização é necessária para que o árbitro possa se dedicar mais, se preparar melhor, ter um tempo de recuperação, como os atletas. Eu, por exemplo, preciso desembolsar do meu dinheiro para ter uma estrutura de treinamento favorável.
VIDA FORA DOS CAMPOS
Desde 2001 trabalho como guarda municipal. É de onde tiro o sustento da minha família. Ser auxiliar, infelizmente, acaba sendo a segunda profissão, apesar de exigir muito tempo, preparo e até dinheiro. Mas, se fosse possível, largaria qualquer outra coisa para trabalhar profissionalmente na arbitragem. É o que amo fazer, até porque se não amasse não estaria há tanto tempo. Estou nessa desde 1991.
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O QUADRO DA CBF
Penso que o quadro da CBF é um dos melhores do mundo, apesar das constantes críticas que sofre. O nível da arbitragem em 2013 foi muito alto. Vejo os catarinenses em franca evolução. Temos quatro representantes no quadro da Fifa (um árbitro e três assistentes), é um ótimo parâmetro. Tivemos um Estadual no ano passado sem mais problemas, e acredito que em 2014 será ainda melhor.