DC acompanhou show da turnê de 50 anos de carreira de Milton Nascimento

Uma estrada longa e sinuosa leva até São Gonçalo do Rio Abaixo, a cerca de 70 quilômetros de Belo Horizonte. Segundo os moradores do local, 293 curvas separam as duas cidades. O vai e vem na estrada faz parecer impossível que alguém de fato tenha contado uma por uma, mas, mais incrível ainda é que Milton Nascimento, um dos maiores nomes da MPB e um dos artistas brasileiros mais reconhecidos no Exterior, tenha escolhido exatamente essa cidade, com cerca de 10 mil habitantes, para se apresentar no dia 10 de agosto, num dos primeiros shows da sua turnê de 50 anos de carreira.

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Confira o áudio da entrevista com o artista

Escute o repertório do show de Milton em Minas Gerais

A escolha não surpreende a equipe que viaja com Milton e que, desde maio, não voltava para casa, embalada numa sequência de apresentações.

– É disso que ele gosta, de tocar em lugar aberto e no meio do povo – diz o empresário do cantor, Amaury Linhares, que afirma que o artista tem dois interesses maiores na vida: música e gente.

Faz frio em Minas Gerais, bem mais do que em Santa Catarina. Temperatura em torno de 10°C. Hospedada no mesmo hotel que os músicos, o maior de João Monlevade, cidade vizinha a São Gonçalo do Rio Abaixo, desço as escadas para acompanhar a equipe até o local do show e sou apresentada a Milton Nascimento. De jaqueta preta e cachecol roxo, ele me olha através dos óculos escuros que quase nunca tira.

Reparo que ele agita os dedos no ar repetidamente, como fazem os ansiosos diante de um grande evento. Será possível? Depois de tantos anos, de um dos álbuns mais reverenciados na história da música brasileira, o Clube da Esquina, de ser considerado referência para artistas como Caetano Veloso, ou os escoceses do Belle e Sebastian – que gravaram a música Tudo Que Você Podia Ser na coletânea Late Night Tales – e o também mineiro Samuel Rosa, do Skank, Milton parece nervoso.

Se essa era a impressão na saída do hotel, nada se percebe quando o artista sobe ao palco montado na praça da cidade, que ficou pequena para comportar o público que cantou em coro Travessia, Cais, Nos Bailes da Vida, Canção da América, Maria, Maria. Um grupo de crianças canta em coro Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor, música com a qual homenagearam Milton na véspera. Gritavam “Milton, eu te amo”, ao que o artista respondia com um “Oba!”.

No final, cantou músicas que fariam parte do bis e pediu que sua equipe encaixasse mais duas para atender as crianças. De volta ao hotel, os músicos tomam conta do refeitório. Ninguém vai embora sem dar um beijo em Milton. Ele pergunta onde está cada uma das pessoas de sua equipe, quer ter certeza de que todos voltaram de São Gonçalo. Pergunta onde estão os desenhos que as crianças lhe fizeram, faz questão que todos sejam guardados.

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* A repórter viajou a convite da produção

Agende-se

Criciúma

O quê: show 50 anos de carreira, com Milton Nascimento e banda

Quando: 23 de agosto, 21h

Onde: Siso’s Hall (Rod. Otávio Dassoler, 5635), Criciúma/SC

Quanto: R$ 70 a R$ 180 – com meia-entrada

Mais informações no site www.blueticket.com.br

Florianópolis

O quê: show 50 anos de carreira, com Milton Nascimento e banda

Quando: 25 de agosto, 21h

Onde: Centro de Cultura e Eventos da UFSC (Campus Universitário, Florianópolis)

Quanto: ingressos esgotados para a plateia inferior, plateia superior R$ 200

Mais informações no site www.blueticket.com.br