Desde a primeira edição do projeto “Vocações”, em agosto de 2016, Joinville saltou de um PIB na casa de R$ 25 bilhões (IBGE 2016) para R$ 30,7 bilhões, conforme o IBGE 2018, o mais atualizado. Também passou de um estoque acumulado de empregos com carteira assinada de 187.177 (Caged de agosto/2016) para 220.297 postos de trabalho (Caged de fevereiro de 2021). Uma conquista e tanto, se levado em conta que no meio do caminho a economia enfrentou instabilidades políticas e, por último, uma pandemia que até o final do mês de abril havia tirado a vida de 400 mil brasileiros.
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Diante do quadro, vem a pergunta: isso significa que se não houvesse estes problemas, a terceira maior economia da região Sul do Brasil estaria com números ainda mais expressivos?
– Até poderiam ser melhores. Mas ainda assim esbarrariam em gargalos de infraestrutura e na falta de reformas fundamentais como a administrativa e a tributária – responde Marco Antonio Corsini, presidente da Associação Empresarial de Joinville (Acij).
A capacidade de reação do setor produtivo da cidade é inegável. Nos primeiros três meses de pandemia, Joinville acumulou um saldo acima de 13 mil empregos fechados. Ao longo do ano, a cidade não apenas recuperou este número como fechou 2020 com um saldo positivo superior a 6 mil vagas e foi a 7ª cidade que mais gerou empregos no país.
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Sede da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil e do Festival de Dança, a locomotiva industrial catarinense consegue equilibrar a força da economia com a qualidade de vida: o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,81, numa escala que vai de zero a um. Na visão da Acij, o caminho para o futuro passa por três estradas: inovação, infraestrutura e reformas.
Na infraestrutura, Estado, prefeitura e Acij trabalham um pacote de cinco obras viárias que visa mais mobilidade para a região por onde trafega diariamente 4% do PIB de SC. Há otimismo em relação ao futuro do aeroporto, que já não sofre com cancelamentos de voos desde a instalação do ILS (aparelho que permite pousos e decolagens mesmo com clima ruim) e que tem tudo para decolar com a concessão para a iniciativa privada.
O otimismo não é o mesmo em relação à BR-280, onde as obras de duplicação se arrastam há anos. Situação que se agravou com o corte no orçamento federal. Quanto às reformas, as prioridades são a administrativa e a tributária.
Ecossistema de tecnologia
Apostar na inovação é uma das prioridades para as empresas locais. Um exemplo bem atual é o Ágora Tech Park, espaço que reúne diferentes integrantes do ecossistema de tecnologia e inovação em três prédios instalados dentro do Perini Business Park, maior condomínio empresarial multissetorial da América do Sul e que acaba de completar 20 anos.
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Se muita coisa mudou no mundo e na economia do país nos últimos anos, nas suas dimensões também: nascido com 15 mil metros quadrados de área construída, hoje tem 312 mil quadrados que abrigam 240 empresas de 13 nacionalidades.
– Seguiremos ampliando nossa oferta de espaços e investindo no desenvolvimento do Ágora Tech Park, o qual junto com a UFSC adicionou ao nosso ambiente uma importante camada de serviços e oportunidades para conexão com talentos, tecnologia e inovação, não só às empresas aqui instaladas, mas a todo ecossistema de Joinville e região – diz o CEO do espaço, Marcelo Hack.

Sob a perspectiva imobiliária, a expansão do parque prevê mais 300mil m2 de área construída e seis novos prédios no complexo. Recentemente, a Krona, uma das três maiores empresas de tubos e conexões do país, instalou a quarta unidade industrial no parque. A agilidade que o Perini proporciona para instalar de forma rápida uma planta industrial – já que conta com toda a infraestrutura civil, elétrica e sanitária para receber novas operações – foi destacado. Para o engenheiro civil com MBA em Gestão Empresarial Marcelo Hack há outras vantagens:
–Temos um ambiente de negócios que estimula a conexão entre as empresas e com a instalação da universidade, em 2018, e a criação do parque tecnológico, desde 2019, passamos a também proporcionar acesso a talentos, PD&I e ao ecossistema de tecnologia e inovação.
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Dentro do parque há um campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Além da humanização, contar com a universidade próxima trouxe uma série de outros ganhos, pois permite uma conexão não apenas física, mas também conceitual com o ambiente da academia, que é rico em conhecimento e oportunidade de pesquisa e inovação.
– Por se tratar de um campus técnico, com cursos de engenharia, está diretamente ligado às principais vocações da cidade e nos ajuda a enriquecer ainda mais, nosso ambiente de negócios e oportunidades – pontua Hack.
Ao mesmo tempo, tornou-se uma relação ganha-ganha, pois a universidade teve uma economia na operação e reduziu custos com manutenção ofertados pela estrutura do parque.
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