Se tem uma coisa da qual os mais de 500 mil moradores Florianópolis não podem reclamar é das belezas naturais da cidade. Poucos lugares no país possuem tamanha exuberância, o que faz do turismo a mais evidente das vocações da capital de Santa Catarina. Mas o privilégio de ter 42 praias, trilhas, mirantes, morros, lagoas e cachoeiras não limitou com que Floripa, como carinhosamente alguns a chamam, também se consolidasse como um polo tecnológico e econômico conectado com o mundo sem abrir mão das raízes culturais.

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Em 2018 foi criada a Rede de Inovação Florianópolis, uma parceria entre a Associação Catarinense de Tecnologia (Acate) e a prefeitura. São quatro centros de inovação credenciados à rede, que tem o objetivo de estimular a cultura de inovação e empreendedorismo, além de gerar e escalar negócios inovadores em Florianópolis. Um exemplo é o Living Lab Florianópolis, uma iniciativa da Rede que aconteceu no primeiro semestre de 2019. O objetivo é integrar entidades, empresas, academia, governo municipal e moradores, para gerar pesquisa e desenvolvimento para tornar a capital catarinense em uma cidade inteligente.

Os números da Rede de Inovação desde a implementação falam deste potencial: são mais de mil atendimentos para empresários ou potenciais empreendedores interessados em empreender em Florianópolis, 646 eventos que impactaram diretamente mais de 13 mil pessoas, 117 capacitações, 476 visitas técnicas recebidas, 947 atendimentos nos escritórios de Promoção da Inovação, além de 17 missões técnicas nacionais e internacionais e cerca de 40 mil visualizações na página da rede.

A partir da chegada da pandemia no país, em março de 2020, os Centros de Inovação também tiveram que a cumprir as medidas de distanciamento social. Por conta das restrições foi necessária a reorganização das atividades da rede para permitir a continuidade das ações. Os atendimentos dos EPI’s (Escritórios de Promoção da Inovação) passaram a ser realizados à distância facilitando o acesso do cidadão e também o escopo do atendimento foi ampliado: oferecer orientações não somente relacionadas às ferramentas e possibilidades de apoio previstas na lei de inovação municipal, mas também apoio a todo aquele que deseja empreender ou aprimorar o negócio. 

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Diego Brites Ramos, vice-presidente de Relacionamento da Acate, destaca que nos últimos anos aconteceram importantes avanços, como o projeto Floripa Simples, que possibilita a abertura de uma empresa em até quatro horas. Todo o processo é integrado digitalmente.

– Ainda existem vários pontos que precisam evoluir. Quando a gente fala em cidade inteligente, precisa se pensar primeiro no cidadão. Durante a pandemia, ficou muito claro que internet de banda larga também é uma necessidade básica das pessoas. Vimos que as pessoas com acesso à internet conseguiram manter os filhos estudando de forma on-line, enquanto que outros não tiveram a mesma oportunidade – observa Ramos. 

Para o dirigente, investir em infraestrutura tecnológica é tão importante quanto apostar em rodovias: 

– A gente precisa repensar as cidades, ter uma visão diferente, os gestores públicos precisam ter esse mindset de cidade inteligente.

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Retomada econômica

Contribuir para o desenvolvimento econômico, tecnológico e humano da cidade é um dos objetivos perseguidos pela Associação Empresarial de Florianópolis (Acif). 

– Vivemos os maiores desafios da história desta que é uma entidade secular, pois precisamos estar mais próximos do empreendedor e acolhê-lo – explica Rodrigo Rossoni, presidente da Acif. 

Para isso, em 16 de maio de 2020 foi criado um comitê que trabalha para fortalecer os negócios locais e vislumbrar um futuro ainda mais promissor para a retomada econômica. Entre as ações implementadas, duas são emblemáticas e demonstram a união de diversos setores para o enfrentamento da crise: o Pacto Floripa e o projeto Aliança Pela Vida. Lançado em maio de 2020, o Pacto reuniu mais de 30 entes do poder público e da iniciativa privada em um plano para projetar a cidade a um patamar de maior competitividade até 2030 – que contempla turismo, educação, tecnologia e bem-viver dos cidadãos.

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Florianópolis se consolidou como um polo tecnológico e econômico conectado com o mundo sem abrir mão das raízes culturais (Foto: Tiago Ghizoni, BD)

Nos últimos meses, com o significativo aumento do número de casos de Covid-19 e a sobrecarga no sistema de saúde, a associação liderou doações de diversas entidades para criar a Aliança Pela Vida – serviço de atendimento imediato e gratuito à população de Florianópolis, São José, Palhoça e Biguaçu.

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Conectar duas vocações que Florianópolis e o Estado têm, que são os setores de inovação e tecnologia com a gastronomia, estão entre as lutas da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em SC. Em setembro do ano passado, foi lançado o Centro de Inovação em Gastronomia Abrasel (Ciga). O projeto, inspirado nos ecossistemas de tecnologia, visa conectar toda a cadeia da alimentação com o mundo da inovação. 

A expectativa do presidente da Abrasel SC, Raphael Dabdab, é que em meio à crise gerada pela pandemia, a gastronomia catarinense receba apoio econômico:

– Trabalhamos para que os ambientes gastronômicos se tornem ainda mais seguros para todos, e para que as empresas e empregos gerados possam atravessar esse momento de extrema dificuldade – diz.

Avanços na relação com o mar

Mostra a história que durante séculos a principal atividade econômica de Florianópolis esteve baseada em sua relação com o mar. Especialmente com a navegação, marcada por expedições, para pesca, como exportador dos produtos do interior do Estado, como ligação entre as freguesias do interior da Ilha e com o continente. Por este e outros contextos nasceu o projeto de implantação do Parque Urbano e Marina na Avenida Beira-Mar Norte.

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Projeção inicial é que a marina na Beira-Mar Norte seja concluída até 2024, com investimento estimado em R$ 200 milhões (Foto: Divulgação)

A projeção inicial para entrega do empreendimento segue mantida para 2024 e conforme foi licitado, o valor a ser investido pela empresa segue estimado em R$ 200 milhões. A empresa responsável finalizou os estudos geotécnicos recentemente e neste mês de maio apresenta o primeiro esboço do projeto executivo ao município para apreciação técnica. Sendo aprovado, a empresa continua a elaboração do mesmo. Seguindo como previsto, em julho o projeto arquitetônico deve ser finalizado para que, ainda no início de setembro, seja dada entrada no processo de licenciamento ambiental junto ao Instituto do Meio Ambiente (IMA). 

Há muitos anos se fala sobre a vocação e potencial de Florianópolis em relação ao turismo e esporte náutico sem avanços. 

– Agora, com o Parque Urbano e Marina Beira-mar, esse cenário será real. Após a construção e entrega do projeto, estaremos à altura de uma cidade litorânea e turisticamente competitiva de igual para igual com outras cidades em todo mundo que contam com essa estrutura – diz o secretário municipal de Turismo, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, Juliano Richter Pires. 

Nas contas do Executivo, tudo isso proporcionará alçar voos maiores em termos de economia, valorizando a cidade e seu entorno, atraindo novos negócios e gerando empregos e renda; em mobilidade, proporcionando uma nova dinâmica na região ao ampliar o compartilhamento do espaço com mais pessoas e modais de transporte; em infraestrutura, ao trazer mais possibilidades de transformação da região, além de ser mais uma opção de lazer para as comunidades do município.

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