Oitavo maior PIB do Estado, Criciúma nasceu e cresceu com a exploração do carvão. Mas o município localizado no Sul do Estado e referência na indústria cerâmica precisou diversificar a economia para alcançar maior competividade. A mudança do perfil das indústrias segue exigências de um mercado moderno, onde poluentes são substituídas por projetos de sustentabilidade e as tecnologias avançam de forma acelerada. Ainda que as indústrias química e plástica tenham importância significativa para o município, varejo e construção civil também aquecem a economia local.
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Moacir Dagostin é presidente da Associação Empresarial de Criciúma (Acic). Para ele, praticamente todos os setores foram impactados pela pandemia do coronavírus, porém, de forma diferente, sendo que alguns conseguiram se recuperar mais rápido. No entanto, destaca, no primeiro trimestre deste ano é possível ver que a economia está reagindo como um todo e os números melhorando gradativamente, especialmente na indústria.
– Encerramos 2020 com bons números para a economia da região e 2021 está sendo um ano ainda muito desafiador, porém positivo, com reação dos negócios e uma retomada mais consistente da economia. Os números registrados nos dois primeiros meses deste ano na região carbonífera têm demonstrado este aquecimento – avalia.
Conforme os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o saldo de empregos com carteira assinada na Região Carbonífera teve um aumento de 28,4% em fevereiro, na comparação com o mesmo mês de 2020. Na soma, os 12 municípios abriram 1.793 novos postos de trabalho com carteira assinada no mês de fevereiro, contra 1.396 no mesmo período do ano passado.
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Maior cidade da região, Criciúma obteve o melhor desempenho individual em fevereiro, chegando a 867 novas vagas e a 1.286 no acumulado entre janeiro e fevereiro.
– A expectativa é que o cenário econômico seja acelerado à medida que o processo de vacinação seja intensificado, alinhado também com o andamento das reformas prometidas pelo governo federal. Entretanto, a escassez de matéria-prima, o aumento dos preços e a alta do dólar preocupam alguns segmentos econômicos devido a uma possível retração do mercado. Assim como em outros municípios catarinenses, a mão de obra qualificada em todos os níveis também é uma dificuldade apontada pelas nossas empresas – pondera.
A diversificação se consolida como uma realidade na economia catarinense, e Criciúma faz parte do contexto. Nas últimas décadas, tornou-se uma estratégia fundamental para o desenvolvimento e o fortalecimento da cidade e região.
– Atualmente, temos muitos setores fortes que sustentam a nossa economia em áreas como a da construção civil, tintas, colorifícios, embalagens, cerâmica, serviços e comércio, educação, saúde, confecção, tecnologia, metalmecânica e plástica – explica Dagostin.
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Com a missão de ser propulsora do desenvolvimento regional e do crescimento sustentável, a Acic atua junto ao poder público na defesa das bandeiras e demandas ligadas a área de infraestrutura, como o Anel de Contorno Viário, a revitalização da Rodovia Jorge Lacerda, o Porto Seco, a ampliação de rotas marítimas no Porto de Imbituba e o transporte de cargas no Aeroporto Regional de Jaguaruna.
– Junto às empresas, a entidade busca por soluções que contribuam para alavancar os negócios com mais competitividade – conclui.
Concorrência e competitividade
O Sindicato das Indústrias de Cerâmica de Criciúma e Região (Sindiceram) também faz avaliação positiva. Presidente do sindicato, Otmar Josef Muller, diz que, apesar dos custos inflacionados, a expectativa é positiva para o setor. A aprovação da Lei do Novo Mercado de Gás é vista de forma positiva, já que a abertura de concorrência faz aumentar a competitividade dos produtos. Muller lembra que o setor responde por 50% do consumo de gás natural no Estado.
– O Brasil não havia feito mudanças para baixar o preço do insumo nos últimos 10 anos, mas outros países avançaram com as indústrias nesse sentido – explica ele.
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O segmento cerâmico é responsável por 14% de todo o consumo de gás industrial no país, representa 6% do PIB do setor de construção e reúne 60 empresas e 71 fábricas, em 11 estados. Com a abertura do mercado, o Ministério da Economia estima haver espaço para uma redução do preço do gás natural para a indústria. Além da cerâmica, empresas dos ramos de vidro, química, alumínio e fertilizantes devem ter ganhos de competitividade devido ao menor custo do insumo.
Nos últimos anos, o setor cerâmico do Sul passou por importantes mudanças, as quais resultaram investimentos significativos. Entre 2017 e 2019, houve melhorias nas estruturas de capital e no controle acionário das maiores fabricantes de revestimentos. Para 2020 eram grandes as expectativas, planos que não se concretizaram devido à pandemia. A produção foi paralisada por 42 dias.
Um dos eventos mais importantes do setor na América Latina, a Expo Revestir, que reúne grandes negócios, em São Paulo, precisou ser totalmente digital. Apesar de reunir 60 mil visitas e contar com mais de 4 milhões de interações dentro da plataforma exclusivamente criada, é diferente de quando feita presencialmente. Mas o setor parece esperançoso, especialmente pela chegada da vacinação contra a Covid-19.
– Apostamos que a partir de junho, as fábricas retomem a capacidade. Calculamos atingir volume de produção mensal 10% superior ao mesmo período do ano anterior. Apesar do período crítico, as vendas foram acima dos volumes produzidos e os estoques foram consumidos no começo do ano – diz Muller.
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