Blumenau é um lugar empreendedor, e a história do município é prova disso. A cidade vive um momento desafiador, porém, também marcado pela esperança que caracteriza a saga dos imigrantes que ajudaram a construir uma das regiões mais desenvolvidas do Sul do Brasil. No município, o setor predominante é o de serviços, com 32.941 empresas, seguido do comércio, com 11.975 empresas, e indústria, com 4.481. Apesar dos efeitos da pandemia em praticamente todo o ano de 2020, o saldo do primeiro bimestre de 2021 é o maior dos últimos anos, com 830 empresas, seguido de 2020, com 801. Estes são dados do Panorama Econômico, divulgado em fevereiro deste ano pela prefeitura. 

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O diagnóstico aponta um aumento de 27% no saldo anual de empresas de Blumenau de 2019 em relação a 2018, ou seja, saldo de empresas abertas e menos fechadas. Em 2020, apesar do contexto de pandemia, abriram 246 empresas a mais em relação a 2019, o que significa um crescimento de 6,5%. Tomando-se por base o mês de fevereiro, apesar da queda em relação ao ano anterior, houve um aumento de 32% acima do mesmo mês em 2019. 

Até o último fevereiro, havia mais de 18 mil MEIs em Blumenau, sendo que 75% deles são prestadores de serviços. O primeiro bimestre de 2021 começou com arrecadação superior a 2019 e 2020, superando janeiro e fevereiro de 2020, numa média de 26,5%, do Imposto Sobre Serviços (ISS). Ainda no ano de 2021 a arrecadação de fevereiro foi 6% superior a janeiro. Com relação ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) janeiro de 2021 apresentou arrecadação 8,4% superior ao mesmo mês em 2020, enquanto, fevereiro caiu 15% em relação ao mês anterior.

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Blumenau registra números positivos no saldo de empregos em 2021 (Foto: Patrick Rodrigues, BD)

Moris Cleber Kohl atuou como secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Empreendedorismo até a primeira semana de maio. Em março, ele apresentou dados positivos sobre o emprego. A indústria em geral é o principal destaque. Em fevereiro, o saldo foi positivo de 401.639 empregos. Blumenau despontou como o município catarinense com o melhor índice do mês (5.254 novas vagas), seguido de Joinville (4.908) e Itajaí (2.632). Tomando por base o país, a cidade conquistou o 11º lugar no saldo que considera admissões e desligamentos, em um ranking que se inicia com São Paulo em 1º lugar (79.436) e tem Curitiba (18.826) em segundo. Blumenau é a única cidade do Sul do país a aparecer entre as 11 primeiras.

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Os números sobre a indústria, empresas e taxas de emprego entusiasmam a Associação Comercial e Industrial de Blumenau (Acib).

– Nossa perspectiva é positiva. Acreditamos que a retomada econômica já esteja acontecendo e, na medida em que a vacinação aumentar, haverá consequentemente o aumento da confiança das pessoas e a economia tende a voltar a uma normalidade – diz Avelino Lombardi, presidente da entidade, que deixa o cargo no fim do mês. 

A Acib representa 709 empresas associadas, sendo 126 indústrias, 156 comércios e 421 serviços. De acordo com Lombardi, é notável o crescimento em diversos setores empresariais, entre eles o supermercadista.

Investir para crescer e reagir

O setor têxtil sentiu os efeitos da crise gerada a partir dos impactos da pandemia. Apesar disso, a projeção da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) é de aumento produção e vendas para compensar as perdas geradas em 2020. O pensamento predominante é que reagir rapidamente à crise econômica exige investimento em novas oportunidades. 

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É o que fez, por exemplo, a Huvispan, que trabalha com tinturaria e acabamento para o setor têxtil. A empresa investiu em novos maquinários e aumentou a capacidade produtiva em 75%, entre julho e novembro de 2020. O CEO Cledson Boger conta que foi incluído um novo serviço de acabamento na empresa, que gerou a contratação de 36 novos empregados. Além disso, foram adquiridos novos equipamentos, sendo necessário ampliar a área de produção. A empresa também investiu em tecnologia de gestão, tudo integrado ao sistema administrativo desenvolvido pela Senior – uma das gigantes da tecnologia no país, que também é de Blumenau –, e aos sistemas de automação.

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Segmento têxtil e de confecção teve saldo positivo de vagas no ano, conforme dados do Ministério da Economia (Foto: Patrick Rodrigues, BD)

Conforme o presidente do Sindicato da Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau e região (Sintex), José Altino Comper, o vestuário sofreu mais os impactos da pandemia, devido à permanência maior das pessoas em casa, proibição de eventos e outras restrições impostas. Mas o setor mantém uma esperança: 

– Somente com a população vacinada teremos a recuperação da saúde e, consequentemente, da economia. Precisamos de políticas públicas que acelerem a vacinação. Não há outra alternativa – destaca Comper. 

Dados oficiais dão a mostra da força do setor têxtil em Blumenau e região. De acordo com o Cadastro Geral de Empregos e Desempregos (Caged), o segmento têxtil e de confecção registrou o fechamento de cerca de 18 mil postos de trabalho no país, de março de 2020 a fevereiro deste ano.

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Em Santa Catarina, no mesmo período, houve o fechamento de 2.346 vagas. Na base territorial do Sintex, que abrange 18 municípios, o saldo também foi negativo com 414 desligamentos. Em Blumenau, no entanto, o saldo foi positivo, com a abertura de 463 postos de trabalho.

A força da indústria cervejeira

De acordo com o Anuário da Cerveja, em 2020, pela primeira vez na história Santa Catarina tornou-se o estado do país com maior número de cervejarias per capita. Nesse quesito, Santa Catarina aparece em primeiro lugar, com 41.443 habitantes por cervejaria registrada. O número confirmou a tendência trazida pelos dados de 2019, quando foram contabilizadas 148 fábricas. Além da Oktoberfest, o turismo cervejeiro movimenta a economia de Blumenau o ano inteiro, gerando trabalho e renda para muitas famílias. 

Em 2020, pela primeira vez, a Oktoberfest foi cancelada devido ao risco de contágio pelo coronavírus. Até o fechamento da edição, o formato do evento deste ano permanece indefinido. A festa está programada para ocorrer entre 6 e 24 de outubro, e a projeção da Secretaria de Turismo e Lazer é que o evento injete R$ 240 milhões na economia local.

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Blumenau é reconhecida oficialmente como a Capital Brasileira da Cerveja (Foto: Luís C. Kriewall Filho, Especial, BD)

A região do Vale da Cerveja, que engloba os municípios de Blumenau, Gaspar, Indaial, Timbó e Pomerode, constitui um polo cervejeiro reconhecido, com cervejas de alta qualidade e premiadas no Brasil e no mundo. Oficialmente intitulada de Capital Brasileira da Cerveja, Blumenau é sede de um dos maiores festivais especializados do mundo, e atrai marcas e produtores de diversos lugares. 

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O setor sofreu com a pandemia. Conforme a Associação Vale da Cerveja, que atualmente reúne 10 produtores regionais, a Covid-19 impactou o setor e levou a uma diminuição da produção, mas não houve a paralisação total das empresas neste período. 

Outro segmento que mostra a diversificação da indústria blumenauense vem da Camargo Química. A fabricante de produtos químicos para os segmentos moveleiro, metalomecânico, construção civil, água e commodities tem planos para, em breve, dobrar o tamanho da planta produtiva no município. 

Comparado ao primeiro trimestre de 2020, houve um crescimento de 20% em relação ao período. Os lucros fizeram com que a empresa catarinense ampliasse a expansão para o Nordeste. Em novembro de 2020, a empresa inaugurou a terceira filial no Brasil, em Recife (PE).

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